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Operações de midiatização: das máscaras da convergência às críticas ao tecnodeterminismo

Miège, ao referir-se à “dupla mediação”, explicou, em

abril de 2012, que se recusa a “pensar na técnica como estanque

e exterior à sociedade”, de forma a separar essas duas instâncias,

e que é “levado a analisar os acontecimentos técnicos através da

sua determinação social e, sobretudo, a partir dos modelos de

organização e de lógicas sociais da comunicação” (MIÈGE, 2012).

Além disso, o teórico também “analisa a mutação e as mudanças

relativas à informação – comunicação através da emergência das

TICs”, complementando ainda:

Temos, portanto, uma dupla mediação: de um lado,

analisamos o desenvolvimento técnico através de

uma série de determinações sociais; e, por outro,

analisamos as evoluções da informação – comu-

nicação, evoluções sociais, através da emergência

das TICs, que evidentemente são ferramentas de-

terminadas tecnicamente. É uma hipótese central

que podemos qualificar de dupla mediação. Não

fui eu que fiz essa proposta, nessa expressão, mas

ela me parece correta. Mas ela não basta. Ela vali-

da, mas ela é geral demais. E a análise não pode se

levar por uma proposta tão geral. Mas essa ideia

de dupla mediação não deve ser abandonada, ela é

central. Por exemplo, ela vai nos permitir discutir,

confrontar com os tecnólogos, as pessoas que têm

uma visão técnica das TICs que são efetivamente

muito numerosos e muito potentes, muito presen-

tes na esfera pública (MIÈGE, 2012).

O conceito de mediação ao qual Miège se refere pode

ser articulado ao modelo de pensamento de Martín-Barbero

(1987; 1988), que, a partir do estudo das mediações, busca

abranger as formas e instituições ligadas à comunicação em cada

formação social, além das lógicas que regem os modos de media-

ção e também dos usos sociais dos produtos comunicacionais

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“Lo que nos interesa es la propuesta de una teoría social de la comunicación

basada en el paradigma de la mediación. Que es aquel modelo ‘que trabaja con

intercambios entre entidades, materiales, inmateriales y accionales’ adecua-

do para ‘’estudiar aquellas prácticas en las que la conciencia, la conducta y los

bienes entran en proceso de interdependencia’ [...]. Un modelo que referido al

campo del que nos ocupamos busca dar cuenta de las formas/instituciones que

toma la comunicación en cada formación social, de las lógicas que rigen los