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Operações de midiatização: das máscaras da convergência às críticas ao tecnodeterminismo

4 Considerações finais

Mesmo que as páginas do Facebook e do Twitter sejam

compostas por uma quantidade razoável de usuários, a National

Geographic, assim com outras instituições e governos, continua

acreditando no discurso de que as TIC se configuram como for-

mas de comunicação do futuro.

Por um lado, a técnica é valorizada e se opõe a um

mundo pré-técnico descrito como obsoleto, por ou-

tro lado, os tecnófilos são tidos como os atores do

futuro, e ao contrário de todos os que dispensam

ainda as ferramentas, são tidos como possuidores

de comportamentos antecipatórios, prefigurando

aquilo que deve necessariamente advir (as pro-

moções comerciais não são as únicas a se posicio-

nar assim, os discursos das autoridades públicas

utilizam-se igualmente de temas como: o atraso a

ser superado, a mediatização indispensável etc.)

(GRESEC, II, 2002, p. 60

apud

MIÈGE, 2009, p. 61).

O problema em se acreditar em um estudo sobre a po-

tencialidade do uso das TIC para a constituição de um tipo novo

de comunicação não reside na inverdade das informações retira-

das dos casos estudados ou na inconsistência teórica utilizada na

análise; o problema está no fato de que as conclusões dos estu-

dos não podem ser generalizadas, pois as amostras são formadas

por um número insignificante de usuários em comparação com a

forma como se dá a comunicação social no quotidiano da maioria

das pessoas. Em seu livro, Jenkins (2008, p. 50) admite tal fato,

como se isto tivesse pouca relevância no que propõe a respeito

da convergência:

Quase todas as pessoas retratadas neste livro são

usuários pioneiros. Neste país [Estados Unidos],

elas são, de maneira desproporcional, brancas, do

sexo masculino, de classe média e com nível de es-

colaridade superior. São pessoas que têm o maior

acesso às novas tecnologias midiáticas e dominaram

as habilidades necessárias para participar das novas

culturas do conhecimento (JENKINS, 2008, p. 50).