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Operações de midiatização: das máscaras da convergência às críticas ao tecnodeterminismo

tegorias de usuários como atores estratégicos desse novo pro-

cesso. A expansão da técnica leva a novas práticas sociais, como

já referimos antes, e onde a produção de conteúdo se expande

para outros públicos antes sem acesso às tecnologias, deixando

de ser atribuição apenas dos grandes conglomerados de mídia.

Nessa perspectiva, podemos dizer que as TICs possibilitaram

que um maior número de pessoas pudesse gerar conteúdos e

ser vistas, ao mesmo tempo em que ampliaram a possibilidade

de acesso a informações diversas.

Miège aponta a web 2.0 como um fenômeno comuni-

cacional peculiar da comunicação midiatizada, pela sua capaci-

dade de apreender e incluir o processo de recepção e da relação

entre os receptores. Ou seja, uma mesma rede serve a todos de

modos diversos. Para uns, é instrumento de trabalho, para ou-

tros, lazer, ou ainda espaço público, ou tudo ao mesmo tempo.

“É

isso que seduz nas TICs. É o que faz com que pessoas sem forma-

ção técnica, como as crianças, a dominem. Somos autodidatas no

uso das ferramentas da comunicação” (MIÈGE, 2012). Por outro

lado, elas modificaram a própria mídia tradicional, que neces-

sitou adaptar-se para atender uma sociedade conectada e com

altos níveis de mobilidade.

ParaMiège, o estudodas relações comas TICs exige con-

siderar a dupla mediação e o processo de enraizamento social. A

dupla mediação significa dizer que a cada tecnologia inventada

(descoberta) se segue uma adaptação de uso social, concebido

a partir de uma prática preexistente – que será melhorada – ou

da satisfação de uma necessidade criada por um novo mercado.

Ou seja, é necessário analisar os desenvolvimentos técnicos a

partir de suas determinações sociais. São estes que asseguram o

enraizamento social ao atribuir funções à tecnologia.

Segundo ele, entre o surgimento de uma nova técni-

ca e a sua ampla disseminação e uso há um espaço de cerca de

20 anos. Nesse tempo, os

early users

dividem a tecnologia com

outras pessoas, resultando, não raro, em usos diferenciados da-

queles planejados inicialmente. Daí a afirmação do autor de que

os usos de uma tecnologia só podem ser entendidos no longo

prazo. O autor distingue os

usos

das

práticas sociais

. Os

usos

são as utilizações inventadas nas TICs e são denominadas so-