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Operações de midiatização: das máscaras da convergência às críticas ao tecnodeterminismo

de uma TIC. Daí a necessidade de centrar-se naesfera técnica, o

que leva, portanto, a reconsiderar a importância da relação en-

tre as redes técnicas e as redes sociais.

2 Comunicação, informação, TICS: interligações e

desafios

Na perspectiva de Miège, o pensamento comunicacio-

nal está estritamente ligado às sociedades contemporâneas por-

que teve uma evolução considerável atrelada às inovações tec-

nológicas. O fato é que a comunicação, a partir, principalmente,

do início do século XX, começou a incomodar os diversos atores

sociais que responderam à provocação com uma avalanche de

questionamentos. Considerando a ligação do saber comunica-

cional à dinâmica das sociedades contemporâneas e às inova-

ções tecnológicas, não é possível deixar de mencionar o caráter

histórico de tal saber. O pensamento comunicacional não é está-

tico. Ele é o produto da história humana. Ao mesmo tempo, não

é, segundo Miège (2000), uma criação constantemente renová-

vel. Ele é profundamente marcado por suas origens, e as etapas

pelas quais passou ao longo dos últimos 50 anos são particular-

mente esclarecedoras desse processo.

Miège situa a comunicação moderna, que denomina co-

municação/informação, como uma articulação entre estes dois

processos, permitindo trocas e perspectivas diversas e, por isso,

não podendo ser considerada por si só. Para ele, a comunica-

ção não se funde, mas faz parte da informação, estabelecendo-se

uma relação entre uma e outra. “A informação que não é comuni-

cada, que não tem canais de difusão, é a informação que não tem

sentido” (MIÈGE, 2009a, p. 12). Já a informação não é a mesma

coisa que conhecimento. Ela resulta de uma produção que visa

a um público. Tal articulação/relação supera a visão ideológica

ou manipuladora da comunicação, evidenciando também que a

informação é meio de interação entre atores sociais. Tal relação

é reforçada pelas TICs, permeando a sociedade e avançando no

tempo

3

.

3

É o que autor denomina de “dupla mediação”, ou seja, a mediação é ao mes-

mo tempo técnica e social (MIÈGE, 2009, p. 46), questão esta a que voltaremos

adiante.