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Operações de midiatização: das máscaras da convergência às críticas ao tecnodeterminismo

samento que pode congregar não apenas os conhecimentos da

academia, mas também aqueles advindos das várias esferas que

atravessam a complexidade da comunicação, tais como a atua-

ção profissional de jornalistas, analistas de mercado, agentes da

indústria de entretenimento, entre outros. Miège recusa o empi-

rismo segmentado, o redobramento disciplinar e o desenvolvi-

mento de teorias generalizantes na pesquisa em comunicação,

área que ainda não encontrou a sua identidade. E tece uma crí-

tica ao dizer que o balanço da produção de conhecimentos no

campo permite perceber “oposições lógicas, a diversidade dos

níveis apreendidos e as contradições” e que, apesar de ter atin-

gido certo nível de elaboração capaz de apreender a complexi-

dade dos fenômenos que aborda, “o pensamento comunicacio-

nal não está unificado, nem pronto para se apresentar como tal”

(MIÈGE, 2000, p. 129).

Segundo o autor, as pesquisas na área de comunicação

são muito diversificadas e denunciam a volubilidade de seu ob-

jeto. Além disso, o fato da evolução do pensamento comunicacio-

nal estar ligada às tecnologias comunicacionais em desenvolvi-

mento exige que se considere o caráter histórico da construção

do pensamento comunicacional, para diferenciá-lo da noção de

comunicação como fundamento do homem. Tal posicionamento

faz com que Miège opte, deliberadamente, pelo desenvolvimen-

to de teorias de médio alcance, pela adoção do método heurísti-

co (a identificação das lógicas sociais de estratégias de comuni-

cação, a lógica social da comunicação em torno da qual os atores

sociais de qualquer natureza – dominante ou dominada, na ter-

minologia do autor – são mais ou menos obrigados a organizar e

a desenvolver suas atividades).

Não se trata, no entanto, de uma visão determinista,

uma vez que os atores têm um campo relativamente aberto para

atuarem. Entender as maneiras como isto se dá, segundo ele,

deve ser feito na perspectiva histórica do longo tempo (longa

duração), com o olhar sobre as lógicas estabilizadas, as conti-

nuidades, as mudanças “estruturais” que afetam as práticas

sociais e culturais. Ou seja, o autor busca avançar pelos pontos

que, muitas vezes, são preteridos nos estudos da comunicação,

destacando a aliança que se estabelece entre o desenvolvimento

técnico e os processos sociais durante a constituição temporal