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Operações de midiatização: das máscaras da convergência às críticas ao tecnodeterminismo

na sociedade em midiatização, não são os meios, ou as tecnolo-

gias, ou as indústrias culturais que produzem os processos, mas

sim todos os participantes sociais, sujeitos e instituições que

acionam tais processos e conforme os acionam.

A midiatização, desta forma, é compreendida como um

modo de organização que ultrapassa largamente as dimensões

produtivas atribuídas ao clássico processo comunicacional. Ela

é relacional e transversal, pois, além de incidir sobre seu próprio

campo, afeta também os demais campos, bem como aqueles dos

seus usuários. Com isso, produz mais que homogeneidades, na

medida em que gera complexas operações de sentidos. Os mí-

dias abandonam, então, a clássica posição mediadora, como fa-

lamos no início, ofertando aos mídias sentidos sobre um mundo

externo. Neste contexto, as mídias não só se afetam entre si, mas

também outras práticas sociais, no âmago do seu próprio fun-

cionamento, como a educação ou o turismo.

Com a midiatização crescente dos processos sociais em

geral, o que ocorre agora é a constatação de uma aceleração e

diversificação de modos pelos quais a sociedade interage com a

sociedade, produzindo ação interacional. Se antes a circulação

era uma passagem e a preocupação era a consistência entre o

ponto de partida e o ponto de chegada, agora, com os receptores

ativos, esta circulação passa a ser vista como o espaço de reco-

nhecimento e dos desvios produzidos pela apropriação, “como

resultado da diferença entre lógicas de processo de produção e

de recepção de mensagens” (BRAGA, 2012), e mais tarde como

“pontos de articulação entre produção e recepção” (FAUSTO

NETO, 2010), com um receptor não somente ativo, mas opera-

dor/programador de seu próprio consumo multimidiático.

Resumidamente, podemos dizer que, se, na sociedade

dos meios, a mídia era tida como uma representação, que esta-

va a serviço de uma organização de um processo interacional e

sobre o qual teria uma autonomia relativa, face à existência dos

demais campos, na sociedade em midiatização, esta mesma mí-

dia é tida como inserção, pois a cultura midiática se converte na

referência sobre a qual a estrutura sócio-técnico-discursiva se

estabelece, produzindo zonas de afetação em vários níveis da or-

ganização e da dinâmica da própria sociedade. Com isso, as mí-

dias perdem o lugar de auxiliaridade e passam a ser referência