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Operações de midiatização: das máscaras da convergência às críticas ao tecnodeterminismo

todo momento em contato com o seu interlocutor. O processo de

midiatização da comunicação, então, não pode ser separado do

funcionamento e administração social.

Cada vez mais vivemos em um mundo mais mutável,

em que as tecnologias permitem recriar de maneira virtual a

necessidade de se sentir em casa, de fazer parte de uma comu-

nidade. Contudo, não há por que nos preocuparmos com a eli-

minação das antigas mídias, já que a telepresença não dissolve

a noção de lugar, mas a retrabalha, misturando unipresença

física e pluripresença midiatizada (exemplo: teleconferência).

Com isso, essas práticas não surgem com as novas mídias, mas

trazem novas formas, sendo divulgadas de maneira nova pelas

novas mídias.

Bernard Lamizet (1999) coloca que, ao mesmo tempo

que as mídias são lugares não democráticos de comunicação e

de informação, pelas formas de poder que se instauram no espa-

ço público e pelas tendências ao monopólio que caracterizam a

realidade da comunicação, também garantem a existência de lu-

gares públicos de expressão e informação, condição necessária

ao exercício de uma forma democrática da sociabilidade política.

Miège (2009), então, define as mídias como dispositi-

vos sociotécnicos e sociossimbólicos, baseados cada vez mais no

conjunto de técnicas (não mais a unicidade) que permite emitir

e receber programas de informação, cultura e entretenimento,

com regularidade ou, então, cada vez mais permanentemente,

no contexto de uma economia de funcionamento que é própria

da mídia. Concluímos, com isso, que as TIC, associadas ou não

entre si, são de certa maneira a base tecnomaterial das mídias,

mas essas nada mais são que técnicas de relacionamento ou de

inscrição no suporte. Por exemplo, a Net é, ao mesmo tempo,

meio de comunicação (com o correio eletrônico ou chats), nova

mídia (através dos sites participativos ou não) e mídia de comu-

nicação para outras mídias (exemplo: suplementos digitais para

a imprensa escrita ou continuação das transmissões dos

reality

shows

). Porém, ela é mais baseada na linearidade e na escrita do

que o esperado, pois seus procedimentos retóricos são empres-

tados dos procedimentos já em uso, como conversas telefônicas,

pesquisa documental, editoração, etc.