

Operações de midiatização: das máscaras da convergência às críticas ao tecnodeterminismo
ração” destes âmbitos (MIÈGE, 2009, p. 89). A partir do exame
de pesquisas sobre a recusa de tecnologias da informação e co-
municação, Miège entende que, ao limitar-se a constatações e à
classificação de comportamentos, tais pesquisas aproximam-se
“das motivações, das representações e das estratégias (ou das
táticas) dos atores sociais” (2009, p. 90).
Desde o registro crítico destas visadas é que Miège
argumenta sobre a necessidade de vinculação entre o “pro-
cesso de midiatização da comunicação” e o “funcionamento”
e “administração do social” – o que faz pelo exame de aspec-
tos relacionais entre indivíduos, tecnologias e comunicação de
massas, evitando pensar rupturas, mas observando continui-
dades, coexistência e complementaridades entre comunicação
“comum” e mediatizada. Metodologicamente, o autor atenta
para os ainda reduzidos casos empíricos analisados e para
a restrição da população observada: trata-se dos “primeiros
usuários de uma técnica” e populações conectadas e plurie-
quipadas. Assim, é preciso considerar as especificidades das
“categorias sociais” (como vida privativa, profissional, espa-
ço público), questões que caracterizam sociedades ou luga-
res diversos, aspectos organizacionais associados à produção
das tecnologias, “competências comunicacionais que partici-
pam da formação de novas normas de ação comunicacional”
(MIÈGE, 2009, p. 97).
Quando pensadas em relação à vida privada, as comu-
nicações têm temporalidades, especificidades e ritmos diferen-
tes da vida profissional, onde melhor se verificam as demandas
de imediaticidade. Quando pensados aspectos organizacionais,
as comunicações estão também marcadas pelas modalidades
“projetadas por especialistas e destinadas a favorecer a adoção
pelas diversas categorias de usuários” (MIÈGE, 2009, p. 95).
Assim, uma “nova comunicação”, caracterizada pelos desvios e
recriações em relação aos modelos anteriores, apenas parcial-
mente se verifica; bem como nos anos 1980 e 90 as ações es-
tavam aquém das promessas de interatividade. “As realizações
efetivas estão antes de tudo na
continuidade
das modalidades
conhecidas tanto do ponto de vista das trocas que se tornam
possíveis quanto das linguagens e, portanto, das composições”
(2009, p. 95, grifo nosso).