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Operações de midiatização: das máscaras da convergência às críticas ao tecnodeterminismo

de praticar atividades culturais. Isso não é negli-

genciável. O que se modifica é certamente o que

um sociólogo chamou as lógicas de ações indivi-

duais (MIÈGE, 2012).

Miège considera a perspectiva de Jouët de que a rela-

ção da técnica com informação/comunicação envolve uma dupla

mediação, uma propriamente técnica, considerando estrutura e

prática, e outra social, em que os usos da técnica se alimentam.

Há uma tecnicização da ação pela mediação operada pelo objeto

técnico (MIÈGE, 2009, p. 45-47). Por outro lado, estes objetos

técnicos estão em relação com as práticas sociais já existentes,

o que se percebe pela forma de inserção das ferramentas tecno-

lógicas em contextos previamente configurados, com conteúdos

que já circulavam socialmente, e adaptados aos mais variados

usos sociais. Assim, o social tensiona o técnico; não há uma sim-

ples adoção de tecnologia, que nunca vem pronta.

4 Perspectiva societal e histórica da midiatização:

em busca de continuidades

Bernard Miège considera que a midiatização “está no

centro das perguntas” (2009, p. 81) e que o avanço das tecno-

logias de informação e comunicação interessa quando toca as

relações sociais e ações comunicacionais (2009, p. 107). A mi-

diatização é conceituada como (1) a intermediação dos fenôme-

nos pela mídia – em oposição a outras instâncias de mediação

do social; (2) a midiatização dos conteúdos produzidos no âm-

bito de outras esferas da vida social; (3) tudo o que é produzido

nas relações “interindividuais, intergrupais ou intraorganizacio-

nais” quando uma tecnologia de informação e comunicação, ou

um dispositivo, a elas se interpõe (MIÈGE, 2009, p. 83).

Em relação a esta “pluralidade semântica” da “midiati-

zação”, Miège analisa criticamente proposições teóricas sobre a

passagem do escrito para a “ordem do cálculo” (instituída com

a informacionalização computadorizada), marcadas pela recu-

sa à rapidez, fragmentação e espetacularização do pensamento,

julgamentos sobre os “males” e as “vantagens tecnológicas” e