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Operações de midiatização: das máscaras da convergência às críticas ao tecnodeterminismo

consideradas como organizações de caracterís-

ticas específicas, funcionando com regularidade

para públicos bem identificados e para quem di-

vulga programas informativos, de entretenimento

e culturais, respeitando as modalidades econômi-

cas que se fundaram no decurso de sua já longa

história. Divulgar regularmente programas espe-

cíficos, tal é o coração do funcionamento midiático

(MIÈGE, 2009, p. 48).

Com as TICs, as mídias, que eram marcadas pela cen-

tralidade de uma técnica em seus processos produtivos, passam

a combinar várias técnicas, desenvolvendo conteúdos para vá-

rios dispositivos. A dinâmica de acesso ao conteúdo midiático

pelo público também muda, já que se pode acessar o material

produzido independentemente do horário ou dia em que foi pu-

blicizado. “O consumidor que impõe o que finalmente chega à

divulgação de conteúdo, se move, define o ritmo das práticas”

(MIÈGE, 2012b). Há uma impossibilidade de prever a relação

com o público, com o que fica difícil definir estratégias midiáti-

cas: embora ainda seja preciso pensar, produzir e pagar a produ-

ção, não há garantia de recursos publicitários. Em momento de

abertura das possibilidades de confecção de conteúdos, a ques-

tão do financiamento se coloca como um problema a ser resolvi-

do nas próximas décadas.

5 Midiatização e crítica da mídia

Alguns pontos de tensionamento entre mídias instituí-

das e mídias desenvolvidas com as TICs podem ser considerados

pela análise da relação com o público. Até o presente, a crítica

de mídia agia para a renovação das mesmas receitas. Porém, a

“individualização” passa a estar na base da crítica à mídia de

massa e a programação tenta abarcar “os pontos de vista indi-

viduais” – como a tentativa de dar voz ao espectador, na televi-

são (MIÈGE, 2012b). As novas indústrias de informação não têm

este problema, porque podem se moldar aos pedidos imediatos

dos participantes. No entanto, trata-se de um modelo em que a

presença da política é menor, em detrimento de aspectos cultu-