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Operações de midiatização: das máscaras da convergência às críticas ao tecnodeterminismo

desdobram-se em termos de questões relativas ao universo das

trocas e das normas: os termos da negociação entre produtores

e distribuidores se mostram como um tema relativo à primeira

superfície; a necessidade de delimitar regras responsáveis por

obrigar produtores a licenciar material para serviços de qual-

quer espécie, à segunda.

4.1 Conteúdo inédito-apropriado

Após tentativas iniciais de se afirmar como um distri-

buidor dotado da habilidade de negociar conteúdo já amplamen-

te conhecido, as primeiras operações de

streaming

– e Netflix

merece destaque – passam a se apropriar do controle sobre

conteúdo inédito como sua estratégia. Após se apreender a rele-

vância deste instrumento, repetir a sua apropriação em diversas

ocasiões se torna uma tendência que não irá mais apresentar

sinais de enfraquecimento. Não se trata da primeira ocasião em

que se recorre a este instrumento. Na verdade, o recurso a con-

teúdo inédito retoma uma dimensão à qual anteriormente já se

havia recorrido como parte do processo anterior de afirmação

da própria televisão multicanal em relação às redes de

broad-

cast

. Vem-se a reunir este ponto disperso a partir de um novo

formato de associação: a curva traçada no âmbito da constitui-

ção do

streaming

, com sua configuração particular.

Durante a década de 90, operações de multicanal, após

um período em que buscam se afirmar recorrendo à estratégia

de competir por acordos sobre direitos relativos a conteúdo am-

plamente conhecido, controlado por seus criadores, radicalizam

outra estratégia: transformar-se, elas próprias, em produtores

de audiovisual. Lidam com a capacidade de dispor de direitos

de exclusividade sobre seu próprio material, impondo seus pró-

prios limites à sua apropriação. Estas fronteiras de propriedade

se tornam um procedimento de estriamento, produzindo barrei-

ras específicas a partir deste recurso particular: o audiovisual.

Os mantenedores deste obstáculo se constituem como canais

Premium, como HBO e Showtime, diferenciando-se de outras

emissoras de multicanal e se tornando recorrentemente rele-

vantes durante as renovações nas regularidades relativas às for-

mas adotadas pelo audiovisual (MARTIN, 2014).