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Redes digitais: um mundo para os amadores.

Novas relações entre mediadores,

mediações e midiatizações

Quanto a isso Braga (2007) fará menção à experiência

estética da midiatização como aquela que muda o foco interpre-

tativo da obra para uma relação a partir dela. Ou seja – trazendo

a questão para o nosso objeto de estudo –, Harry Potter é to-

mado pelos fãs não como uma narrativa de consumo silencioso,

mas como uma experiência enriquecida na interação com outros

fãs dispostos a tecer comentários e produzir novos sentidos. As

mensagens escritas no cenário midiatizado, de recrudescimento

na circulação, se inserem em circuitos nos quais seu sintagma é

alterado na medida em que segue adiante.

A importância que cabe à técnica é aquela de aperfei-

çoar os canais disponíveis para comunicação. No entanto, seu

avanço possibilita alterações formais nas construções. A partir

da plataforma digital, a tecnologia espraia a informação como

mercadoria globalizada, no que abre caminhos para a circulação

cultural. Os formatos ao alcance do produtor-receptor se sobres-

crevem, as matrizes linguísticas sonoras, visuais e verbais são

programáveis, mas disso dependerá o domínio dos dispositivos;

temos aqui novamente a questão das competências como crité-

rio de efetividade.

Mas o empreendimento global de busca pelo avanço

técnico envolve outro aspecto de apreensão comum entre estu-

diosos, a convergência. Miège (2009, p. 37) questionará o conhe-

cimento de que a convergência é um processo previsível para o

qual o progresso científico conduz infalivelmente. Pelo contrá-

rio, a convergência seria uma construção entre décadas de tes-

tes e adesões dos usuários. Nessa medida, quando o fã acessa

seu perfil no Facebook através de um dispositivo móvel ou quan-

do dispõe de câmeras digitais para o registro do encontro de fãs,

ocorre primariamente a consumação das estratégias levadas a

cabo pelas indústrias informáticas, de implantar seus produtos.

Em contrapartida, o protótipo das interações no interior

do

fandom

é produzido pelas indústrias de conteúdo. Ainda assim,

Harry Potter nasce como uma ficção literária de uma autora des-

conhecida. Posteriormente, obtido o êxito na apreciação pública,

editoras de outros países adquiriram os direitos e promoveram

os títulos. Crescentemente o interesse popular aumentou, até que

os estúdios Warner adaptaram os livros ao cinema. A rigor, essa

transmidiação contém o mesmo processo de outras narrativas de