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QUALIDADE DO COMPOSTO FINAL PRODUZIDO A PARTIR DA
COMPOSTAGEM DOMÉSTICA DE RESÍDUOS ORGÂNICOS
(
LUCIANE MARA CARDOSO FREITAS, RENATA CARLOS FREIRE,
CÍCERO PAULO DA SILVA JÚNIOR, ARI CLECIUS ALVES DE LIMA,
RONALDO STEFANUTTI)
RESUMO
: Diante do contexto da crescente geração de resíduos sólidos nas cidades
brasileiras, esse artigo traz a compostagem doméstica como uma alternativa para tratamento
de resíduos orgânicos domiciliares. Por meio de uma metodologia de baixo custo e de fácil
operação, geraram-se produtos finais cuja sua avaliação de qualidade é o objetivo principal
desse trabalho. Testaram-se recipientes com 3 formatos e volumes correspondentes a 45, 70 e
135L, além de 3 materiais estruturantes (grama, poda de árvore e serragem) para se avaliar a
melhor condição em âmbito de trabalho caseiro. Foram também inseridas aos testes,
composteiras sem material estruturante para se verificar o efeito da sua ausência deste no
processo. Os resíduos produzidos em restaurante universitário foram inseridos diariamente em
camadas durante cerca de 60 dias e o material não foi misturado ao longo do processo. Gerou-
se diferentes características entre as regiões inferiores e superiores das composteiras devido
ao processo de alimentação diário. O monitoramento da compostagem se deu pelas análises
dos parâmetros pH, condutividade elétrica, relação entre carbono e nitrogênio, índice de
germinação de sementes e grau de polimerização, tomando por base a coleta de amostras na
altura de 0,15m, no centro das composteiras. Aos 90 dias, o material da região inferior já se
encontrava decomposto e sem odor, porém com qualidade inferior tratando-se de condições
ótimas para o desenvolvimento de plantas. O recipiente que melhor se adequou à facilidade de
operação foi o de 70L e, quanto aos estruturantes, serragem e poda tiveram vantagens em
relação à grama e o tratamento sem estruturante. Constatou-se também que não houve invasão
de ratos e larvas de moscas ao serem utilizadas telas do tipo mosquiteiro envolvendo as
composteiras. O tratamento por meio da compostagem doméstica sem o revolvimento do
material, além de ser importante para a destinação de resíduos orgânicos domiciliares,
resultou em produto com qualidade e potencial para a implantação de hortas caseiras,
atividade que pode favorecer a alimentação saudável da população.
Palavras chave: Compostagem, composto, composteiras
4.1
INTRODUÇÃO
A geração de grandes quantidades de resíduos sólidos representa um grave problema
ambiental que requer uma gestão adequada, de modo a minimizar os impactos ambientais
negativos ao nível da qualidade do ar, dos recursos hídricos e do solo (BELO, 2011).
A eliminação de resíduos sólidos urbanos (RSU) é uma situação global que continua a
crescer com o desenvolvimento das nações industrializadas e do crescimento da população. A
destinação segura e confiável de RSU tornou-se um componente importante da gestão
integrada de resíduos sólidos urbanos (SNYMAN; VORSTER, 2011).
No Brasil, a geração de RSU é expressiva. Segundo a ABRELPE (2015) tem-se uma
geração anual de 79,9 milhões de toneladas. Essa quantidade de resíduos, que vem
aumentando progressivamente, pode estar associada, entre outros fatores, ao aumento do grau
de industrialização, à alteração qualitativa da composição dos RSU (com a incorporação de
novos produtos e a intensificação na produção de descartáveis) e à falta de política específica
para o setor que vise estimular a minimização na geração, o reaproveitamento e a reciclagem
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