Midiatização e redes digitais: os usos e as apropriações entre a dádiva e os mercados
se vê como um palhaço, detalhes de prisões e até tomadas foto-
jornalísticas em que os próprios fotógrafos se transformam em
alvos e, por consequência, o público leitor. O vídeo encerra com
fotos de jovens empunhando cartazes e faixas, mescladas com
sorrisos de quem acredita na modificação do país.
3.2.2 Quanto à edição, efeitos e trilhas
O vídeo é, na verdade, um grande
slide
em transição.
São várias fotografias editadas para serem exibidas em sequên-
cia como uma transição sem efeitos de
fade out
ou
fade in
, pro-
vavelmente editadas em programas amadores como o
Movie
Maker
. A ideia foi cobrir a trilha pesquisada, que data de 1973.
3.2.3 Quanto aos créditos
As imagens não são mencionadas em nenhum momen-
to no que tange à autoria; muitas delas, se não todas são imagens
jornalísticas, com créditos que foram suprimidos pela colagem
do autor do
mashup
. Não há nem mesmo créditos finais com a
menção do autor da música ou do próprio Jardel.
4 Inferências sobre midiatização, apropriação,
reapropriação e autoria
A participação dos atores sociais midiatizados, como
emissores de um segundo nível, que reelaboram discursos a par-
tir da apropriação de textos (imagéticos ou não), é um sintoma
claro da midiatização. O processo de circulação torna perceptí-
vel que não basta mais apenas estudar a etapa da recepção ou
da emissão, mas é preciso compreender de fato os afetamentos
mútuos entre estas instâncias que ocorrem cada vez mais de for-
ma diluída, seja para o entretenimento que se funde ao caráter
informacional da notícia, como em um videoclipe, seja em uma
manifestação que resulta em produtos audiovisuais derivados
como agentes motivadores de mobilização.
No entanto, observa-se que a produção dos atores tem
algumas características do ponto de vista imagético; há uma pre-
sença marcante dos chamados
mashups
, ou seja, apropriações