Midiatização e redes digitais: os usos e as apropriações entre a dádiva e os mercados
Os manifestos das jornadas de junho de 2013 no Brasil
foram organizados de modo técnico e operacional com mobi-
lizações pela internet e com milhares de pessoas indo às ruas.
Cidadãos, citadinos protestaram ocupando o espaço das ruas e
das redes sociais digitais. Nas ruas os atores levaram cartazes
contendo suas reivindicações; nas redes digitais, expuseram
suas ideias quanto aos protestos e suas experiências vivencia-
das nos manifestos das ruas. Nas ruas, nas postagens podem-se
elencar várias demandas. As manifestações de junho de 2013
no Brasil fazem refletir, dentre outras coisas, sobre o indicador
da necessidade da reprogramação da política. A representação
pode ser ampliada com a democracia participativa, que poderá
se utilizar das mídias sociais e potencializar-se.
A proposta de participação teria que partir da própria
política, frente a esta pressão popular. Não se podem ignorar as
relações em rede permitidas pela tecnologia, ampliando as pos-
sibilidades de participação cidadã de informar sobre a situação
local, de planejar junto ao governo, de poder de vigilância sobre
as ações do governo.
Foi demonstrada a capacidade da juventude e da po-
pulação de uma forma geral de se articular, mobilizar, mostrar
sua insatisfação e fazer pressão junto à classe política. As ma-
nifestações populares não têm valor político em si, mas podem
provocar mudanças políticas pela pressão que encerram. No en-
tanto, saber dizer e o que dizer é condição para o sucesso delas,
a fim de que não se percam em palavras que esvaziam a causa
em questão e não promovem o diálogo racional.
Proulx (2012) pontua sobre a contribuição on-line: as
blogagens, os sites de redes sociais, postagens com textos, ima-
gens, sons e vídeos, para citar alguns exemplos. O sujeito é pro-
dutor de conteúdo e fornecedor de dados e os laços se tornam
de valor econômico, de outro modo, os contribuintes agem pela
lógica do dom do compartilhamento. O reconhecimento social
de uma contribuição exige relações horizontais entre as partes,
diferentemente do admirador frente à estrela/ao ídolo. Segundo
Proulx, os valores do compartilhamento são a lógica de rede e
a de comunidade. Ele se refere também à lógica
Wiki Way
, refe-
rindo-se à Wikipédia como elemento simbólico de uma cultura
participativa. Para tanto, afirma que as competências requeridas