Midiatização e redes digitais: os usos e as apropriações entre a dádiva e os mercados
mas não determinada, pela capacidade estrutural de dominação
(CASTELLS, ibid.). Tal poder de dominação se complexifica, pois
as intenções de origem perdem força, uma vez que
estão entregues a outras dinâmicas que fazem com
que a produção e recepção não possam mais con-
trolá-las, bem como os efeitos que presumem esta-
belecer sobre os discursos. A linearidade dá lugar
à heterogeneidade. Dissolve-se no ato da enuncia-
ção a existência de uma noção de equilíbrio, espe-
cialmente vínculos possíveis de simetricidade, na
medida em que as intenções que os engendram
não são controláveis (FAUSTO NETO, 2010, p. 9).
Diante do exposto, pensar o espaço de interação públi-
ca de empoderamento da cidadania (como se vem afirmando)
é refletir sobre o processo comunicativo, a dinâmica relacional
e como ela se configura neste espaço que pode ser dado como
dispositivo de captura da comunicação.
As relações de comunicação sempre são relações de po-
der, de força, de embate. Frente aos processos midiáticos obser-
va-se a presença de lideranças sociais difusas, múltiplas, o que
sugere novos modos de gestão na administração pública, por
exemplo, que se fundamentem em uma ‘hierarquia mais hori-
zontalizada’, com a constituição de instâncias democráticas com
capacidade para permitir maior participação direta de todos na
condução da administração, e pode-se estender tal concepção
para a família, a empresa, a escola, para citar algumas.
A rede tem sua potência. Ela proporciona a conectivi-
dade, que “es uno de los recursos más poderosos de la huma-
nidad. Es una condición para el crecimiento de la producción
intelectual humana”
(KERCKHOVE, 1999, p. 26). Aprende-se o
valor de saber agregar, estimular e organizar pessoas, conectan-
do movimentos, estimulando discussões e fortalecendo debates.
“Las redes interactivas multimedia abren la posibilidad de que
haya personas que quieran expresarse”
(ROSNAY, 2005, p. 30).
“O processo humano de comunicação é potencializado,
na sociedade contemporânea, pela sofisticação de seus meios
eletrônicos”, afirma Gomes (2011, p. 7). Na política não seria
diferente a sofisticação deste processo, no entanto, algumas