Midiatização e redes digitais: os usos e as apropriações entre a dádiva e os mercados
o pensamento complexo integra o mais possível os
modos simplificadores de pensar, mas recusa as
consequências mutiladoras, redutoras, unidimen-
sionais e finalmente ofuscantes de uma simplifica-
ção que se considera reflexo do que há de mais real
na realidade (MORIN, 2007, p. 6).
O compartilhamento da comunicação com outras ciên-
cias dá o suporte para se estudar as formas como a mídia im-
põe sua lógica a outros campos, de modo que estes pensam e
realizam seus discursos transpassados pela lógica midiática.
Potencializadas pelos novos dispositivos tecnológicos, as opera-
ções midiáticas reconfiguram as gramáticas e as estratégias de
reconhecimento e atuação dos outros campos.
Pesquisar em comunicação é estar consciente do pró-
prio processo, submetendo a prática à reflexão e fazendo re-
conhecimento e aproximações, permitindo testar, ampliar as
possibilidades. De acordo com Braga (2006), a palavra “media-
tização” pode ser relacionada a, pelo menos, dois âmbitos so-
ciais. Um trata de processos sociais específicos que passam a
se desenvolver (inteira e parcialmente) segundo a lógica da mí-
dia – entendendo-se, então, a mediatização de instâncias como
a da política, do entretenimento e da aprendizagem. Outro, em
um nível macro, refere-se à mediatização da própria sociedade.
Abordando a questão macro, o autor propõe uma visão sobre
mediatização como processo interacional em marcha acelerada
para se tornar o processo de referência, acenando mais ajusta-
damente para reformulações sociotecnológicas de passagem
dos processos mediáticos à condição de processualidade intera-
cional de referência.
A expressão referência, em parte, decorre da conside-
ração de determinados processos como principais, tendencial-
mente prevalecentes. Os demais processos interacionais teriam
estes como parâmetro, referir-se-iam a eles como critérios de
validade e definidores de lógicas centrais. Um processo intera-
cional ‘de referência’, em um determinado âmbito, ‘dá o tom’
aos processos subsumidos, mas não corresponde a ‘anular’ ou-
tros processos, e sim a funcionar como ‘organizador principal
da sociedade’. Então, Braga (op. cit.) entende que os processos