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Operações de midiatização: das máscaras da convergência às críticas ao tecnodeterminismo

A internet e as redes sociais particularmente seriam um sexto

poder ao lado do lado político, etc. Esses são os pontos de vista

dominantes em circulação na Europa.

Pesquisador vinculado à Universidade de Stanford,

Morozov escreveu que coloca em dúvida a ideia de que a inter-

net seja favorável à democracia. Sua posição é de que a internet

é a ferramenta de libertação e opressão ao mesmo tempo. Uma

ferramenta que soube se adaptar em regimes autoritários. E que

também é utilizada de outra forma pelas forças antidemocráti-

cas. É a praticidade da ferramenta que Morozov evidenciou, e ele

produziu textos conhecidos neste campo apoiando essa questão.

A professora Khalil, jornalista, da Universidade do

Líbano se interessou pelos sites políticos existentes no Líbano,

investigando como as forças políticas esse país os usam. Ela fez

um trabalho de análise do conteúdo dos sites e também das dis-

cussões que são conduzidas a partir desses sites, e sua conclusão

é de alguma forma preocupante. Diz que a discussão online não

é favorável à diversidade de opiniões. Pelo contrário, favorece a

objetividade ideológica e o reforço comunitário. Quem conhece

a situação política particular do Líbano, onde existe toda uma

série de comunidades culturais e políticas que coexistem, com-

preenderá melhor essa conclusão.

Então esses sites na realidade não oferecem a palavra

aos opositores tão facilmente. Os sites são gerenciados por ani-

madores, e pontos de vistas diferentes são rapidamente contes-

tados e criticados. Nesse sentido, é frequente uma outra conclu-

são, a saber, que grupos de discussões são centrados em torno

de ideias mais extremas, incluindo a violência verbal. Esses sites,

contrariamente ao ponto de vista mais frequentemente divulga-

do, na realidade não propõem uma discussão que segue uma or-

ganização política que deixe a palavra aos dissidentes.

O último ponto de vista para reflexão é de um colega

que acompanhou detalhadamente a situação na Tunísia, no pri-

meiro semestre de 2011. Suas conclusões são as seguintes: a in-

ternet teve um papel mobilizador de chamar as energias quando

era necessário sustentar, dar apoio a todos os que lançaram o

movimento no centro da Túnis, e àqueles que lançaram o movi-

mento depois do suicídio espetacular de um jovem sem traba-

lho. Ao analisar os conteúdos dos tuítes e dos e-mails que foram