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Operações de midiatização: das máscaras da convergência às críticas ao tecnodeterminismo

gar comunidades que suplantam o virtual, de forma a existirem

ativamente dentro e fora da internet.

A partir de uma pesquisa desenvolvida entre 2012 e

2013, foi possível observar que a rede social CS tem um gran-

de potencial a ser explorado no campo da comunicação, tendo

em vista a riqueza das interações (entre sujeitos e culturas) que

proporciona e a grande quantidade de pessoas interligadas no

planeta em torno de interesses comuns voltados, sobretudo, ao

intercâmbio cultural. A partir de um contato inicial em 2011

com integrantes do grupo do CS de Porto Alegre-RS, a pesquisa-

dora teve oportunidade de visualizar características peculiares

ao grupo, além de uma frequência de atividades presenciais que

não é comum a todas as outras comunidades e agrupamentos

em torno do

Couchsurfing

. Esses fatores despertaram, desde

o início, um intenso interesse por pesquisar essa comunidade

específica. O CS POA foi criado como um grupo dentro do site do

Couchsurfing

em 2007 e, ao fim de nossa pesquisa, contava com

mais de 7 mil membros listados neste espaço virtual. Além de

ser considerada uma comunidade bastante ativa (tanto no fó-

rum de discussões online do site do CS e na comunidade criada

na rede social

Facebook

quanto nas atividades offline), consti-

tuía-se de perfis bastante heterogêneos – em termos de prove-

niência geográfica e cultural, de faixa etária e de experiências de

viagens desses integrantes. No entanto, há que se considerar as

similaridades em relação ao poder aquisitivo e à escolaridade

desses indivíduos.

Para o estudo da identidade e dos atravessamentos cul-

turais na comunidade virtual “CS POA”

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, além dos movimentos

empíricos, consideramos pertinente um aprofundamento teó-

rico à luz do pensamento de Bernard Miège. O teórico francês

nos ajudou a questionar e a refletir sobre a existência de poten-

ciais inovações permeadas pelas ferramentas tecnológicas, bem

5

Consideramos aqui CS POA como uma comunidade e assumimos que os termos

“comunidade” e “grupo” são sociologicamente diferentes. No entanto, levamos

em conta que o site

Couchsurfing.org

já se referiu às suas comunidades como

“grupos”. A saber, as comunidades são perpassadas por laços e por um senti-

mento de pertencimento que vinculam os sujeitos, de forma a estabelecerem

entre si relações sociais (RECUERO, 2005; PALACIOS, 1996).