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Operações de midiatização: das máscaras da convergência às críticas ao tecnodeterminismo

pensamento rejeitando tanto o determinismo tecnológico quan-

to o determinismo do social, considerando a existência de me-

diações múltiplas que permeiam as interações entre o social e

o técnico, que não teriam o mesmo peso se comparadas entre si

nos processos de “mediações entre as sociedades e as esferas da

técnica” (MIÈGE, 2009, p. 89).

Atualmente, teóricos e pesquisadores voltam-se para a

necessidade de as pesquisas relacionadas às tecnologias e cultu-

ras midiáticas refletirem criticamente sobre a questão das media-

ções, de forma a mostrar uma relação intrínseca entre tecnologia

e sociedade, considerando os fluxos online e offline – atravessados

– nesse processo de entendimento dos fenômenos. Nesse sentido,

Miège (2009, p. 46-47) enfatiza, além das mediações múltiplas, a

“dupla mediação” proposta por Josiane Jouët, que seria “ao mes-

mo tempo técnica, pois a ferramenta utilizada estrutura a prática,

mas a mediação é também social, porque os motivos, as formas de

uso e o sentido atribuídos à prática se alimentam no corpo social”

(JOUËT et al., 1997 apud MIÈGE, 2009, p. 46-47).

A pesquisa de objetos ligados à internet torna-se de

maior relevância quando percebemos que o acesso à rede tem

alcançado mais e mais indivíduos, inclusive no Brasil – que já

tem cerca de 58% da população online

3

. E, apesar de termos um

considerável contingente populacional ainda não conectado, os

processos comunicativos que afetam essas pessoas são (mesmo

que indiretamente) impactados pela internet, que ajudou a re-

definir as relações entre os diferentes meios de comunicação,

interferindo no conteúdo, nos fluxos e na experiência midiática.

Isso nos leva a inquietações sobre usos, apropriações e práticas

que podem estar sendo feitos pelos sujeitos no ambiente virtual,

bem como sobre a construção identitária neste espaço deno-

minado de “a rede das redes, o protocolo que permite conectar

todo um conjunto de redes de comunicação cada vez mais efi-

cientes” (MIÈGE, 2012).

O relacionamento social dos sujeitos conectados foi im-

pulsionado pelo surgimento de redes sociais online e de comu-

3

Relatório

State of Connectivity

2015, divulgado pelo Facebook em fevereiro de

2016, sobre o acesso mundial à internet. Disponível em:

<http://newsroom.fb.com/news/2016/02/state-of-connectivity-2015-a-repor

t-on-global-internet-access/>.