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Operações de midiatização: das máscaras da convergência às críticas ao tecnodeterminismo

Miège fala que os dispositivos tecnológicos e as TICs

atualmente disponíveis permitem criar e multiplicar a divulga-

ção e a difusão do conhecimento. Ou seja, por meio desse pro-

cesso, podemos quebrar resistências e, assim, dizer tudo que

desejamos dizer. Por isso, segundo Braga, o campo educacio-

nal inevitavelmente se reorganiza para ampliar sua abrangên-

cia, diversificar seus objetivos e enriquecer sua oferta de pro-

cedimentos, de modo a tentar dar conta destas novas áreas de

aprendizagem.

Desta forma, podemos pensar sobre a possibilidade do

campo se apropriar dos produtos midiáticos para criar novas

chances de aprendizagem e ampliar o conhecimento oferecido

pelos processos midiáticos, de forma a termos um conhecimen-

to mais aprofundado do que o oferecido pela mídia, mas desen-

volvido a partir da oferta dos meios de comunicação. Esse viés

é uma das muitas possíveis ramificações que o tema nos propõe

pensar, numa sociedade que está sempre querendo ser convi-

dada para falar sobre alguma coisa. A experiência da educação

informal propiciada pela televisão a partir da “Faixa Comentada”

é um exemplo do tipo de ações comunicativas midiatizadas de

que nos fala Braga (2012); neste quesito, o âmbito da circulação

“propicia uma ativação crítica e intencionada das mediações cul-

turais” (BRAGA, 2012, p. 34). Aqui percebemos o conhecimento

informal emergindo por meio das lógicas da mídia e da televisão

enquanto dispositivo tecnológico em relação com os sujeitos.

Já na promoção “A empregada mais cheia de charme

do Brasil”, exibida pelo Fantástico

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, o conhecimento informal é

engendrado por meio de um processo interacional no qual a te-

levisão solicita às empregadas domésticas que produzam vídeos

para o quadro do programa. Todo esse processo foi regido pelo

programa, que, além de delinear o mercado discursivo com o

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No quadro apresentado pelo programa de variedades Fantástico (2012), a ati-

vidade discursiva do telespectador se induz com base em uma matriz ficcional

(telenovela) e se direciona para uma categoria específica de telespectadores:

as empregadas domésticas. O diferencial da atividade discursiva foi o envio de

vídeos, nos quais as profissionais do lar deveriam parodiar o tema do videoclipe

exibido pela telenovela, numa alusão ao comportamento das empregadas do-

mésticas da trama que se tornaram celebridades do mundo da música. Ao todo,

1.400 vídeos foram remetidos, e o próprio Fantástico propôs diversas reporta-

gens com o intuito de reforçar o convite e de prestar esclarecimentos sobre a

forma de envio e as condições de acesso à promoção.