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Operações de midiatização: das máscaras da convergência às críticas ao tecnodeterminismo

qual buscava se relacionar – empregadas domésticas com car-

teira assinada –, também explicitou o modelo de produto que

as secretárias do lar deveriam seguir. Os vídeos deveriam ser

baseados no videoclipe “Vida de Empreguete”. Para atingir tal

objetivo, o programa desenhou um modelo interacional no qual

produziu chamadas, reportagens de apresentação da promoção

e gerou ainda esquetes cômicos por meio dos quais instruiu di-

daticamente as empregadas produzir os vídeos a serem envia-

dos, detalhando tempo, conteúdo, sugerindo equipamentos de

gravação e processos de postagem do produto final na página do

programa na internet.

Percebemos que o funcionamento desta promoção

carrega um importante viés de midiatização do conhecimento

informal, focado na aprendizagem dos processos de produção

televisiva, viés que pode ser apontado em dois níveis. O primeiro

nível se estabeleceu por meio do processo interacional entre a

televisão e as telespectadoras, movimento que foi gerado a par-

tir do convite à participação, do estabelecimento das regras da

promoção e do delineamento das condições de produção dos ví-

deos. Neste nível, o programa “ensinou” o que deveria ser feito.

O segundo nível, que decorre do primeiro, é a própria

produção dos vídeos realizados pelos atores sociais, que exigi-

ram, ainda que amadoristicamente, um conhecimento mínimo

de criação de umroteiro baseado na trama da telenovela, alémde

familiaridade com as técnicas de produção e edição dos vídeos,

conhecimento que, como nos lembra Fausto Neto (2006), está

baseado na cultura midiática que já se encontra disseminada no

tecido social, assim como também se encontram disseminados

os dispositivos tecnológicos como a internet e os

smartphones

,

que possibilitam às telespectadoras participar da promoção.

Nesse contexto, o programa estimula que as telespec-

tadoras tirem proveito destes dispositivos tecnológicos para a

produção de sentidos. Entendemos que as operações tecnodis-

cursivas desenvolvidas pelas telespectadoras, por meio da pro-

dução dos vídeos, realizam-se a partir das lógicas da mídia que

estão cada vez mais difundidas na sociedade e que, nessa pro-

moção, foram resgatadas por meio de um movimento didático

no qual a televisão midiatiza o seu fazer por meio de um proces-

so de geração de conhecimento informal, ativado por meio da