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Buscando minimizar esses impactos e obter benefícios com o tratamento dos RSO,

alguns estudos vêm sendo aplicados com vistas à reciclagem, com valorização da fração

orgânica através da conversão em compostos orgânicos para fins agrícolas ou pela produção

de biogás com recuperação energética e/ou aproveitamento como gás natural.

Atualmente, a bioestabilização anaeróbia assinala como uma solução promissora no

tratamento de resíduos orgânicos, tendo como principal vantagem a produção de biogás,

principalmente, do gás metano que possui um elevado poder calorífico.

Vale lembrar que quanto maior for o teor de metano maior será o valor energético do

biogás. A composição do biogás gerado é estimada em 65% a 70% de metano, 25% a 30% de

dióxido de carbono, e por baixas quantidades de gás sulfídrico, amônia, gás nitrogênio e gás

hidrogênio (CASSINI

et al

., 2003).

Para Silva

et al.

(2009a), o aproveitamento energético do biogás a partir dos RSU

representa uma fonte de energia renovável, oferecendo como vantagens: a descentralização da

geração de energia; a minimização do efeito estufa; e a promoção da sustentabilidade na

gestão e no gerenciamento integrado dos resíduos sólidos. Oliveira e Rosa (2003) corroboram

que o Brasil tem condição de abastecer energeticamente 17% do território nacional a partir da

energia dos resíduos sólidos, reforçando desse modo a viabilidade da digestão anaeróbia no

tratamento de RSO.

Destaca-se ainda que a bioestabilização anaeróbia dos RSO resulta, além de percolado e

biogás, em um lodo rico em material orgânico parcialmente bioestabilizado, contendo micro e

macronutrientes (SAITO, 2007), tendo aplicação direta na agricultura como biofertilizante e

condicionador de solos.

Amaral (2004) frisa ainda que a digestão anaeróbia dos resíduos orgânicos em reatores

torna-se mais atrativa do que o beneficiamento da matéria orgânica em aterros sanitários, pois

nessas unidades é possível potencializar a produção de biogás (com maior concentração de

metano), além disso, tem-se um melhor controle operacional do processo, maior facilidade na

captura do biogás e diminuição significativa da massa de resíduos dispostos nos aterros

sanitários.

Entretanto o desempenho satisfatório da biodigestão anaeróbia está totalmente

dependente do controle dos requisitos ambientais favoráveis ao crescimento e à interação

harmônica do consórcio de microrganismos produtores de metano (KHALID

et al

., 2011).

Salienta-se que as bactérias metanogênicas representam, dentro do consórcio de

microrganismos, os mais sensíveis as variações das condicionantes ambientais, como pH,

temperatura, alcalinidade, nutrientes, elementos tóxicos (VESILIND, 2011).

A temperatura é um fator físico que influência na taxa de crescimento e densidade dos

microrganismos, assim como em todas as reações químicas (GRASSO, 1993), podendo a

digestão anaeróbia ocorrer em três condições de temperatura: psicrófila (abaixo de 20°C),

mesófila (entre 20º e 45ºC) e termófila (entre 45º e 70ºC) (LETTINGA; REBAC; ZEEMAN,

2001).

Assim como a temperatura, o (pH) deve ser mantido em uma faixa ideal de maneira a

assegurar o crescimento da associação de bactérias produtoras de metano, sendo recomendado

um valor situado no intervalo de 6,0 à 8,0 (LIU; TAY, 2004). Valor de pH fora da condição

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