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EIXO 4 – PAULO FREIRE E A EDUCAÇÃO DO CAMPO: RESISTÊNCIA E CONSTRUÇÃO DE ALTERNATIVAS

XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE

DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS

mente contribui para desestimular os jovens a continuarem

com os seus estudos.

Soma-se também o fato de que as escolas municipais

nas localidades da Torotama, Ilha dos Marinheiros e Capilha,

não contam com turmas de EJA, o que resulta na necessida-

de e urgência da inserção do Projeto Educação para Pesca-

dores nestes contextos. Esta necessidade já era identificada

devido ao grande número de solicitações junto a Colônia

dos Pescadores Z1, feitas pelos jovens e adultos destas co-

munidades, visando o retorno e a continuidade dos seus es-

tudos e, consequentemente novas oportunidades de buscar

uma vida melhor. É importante destacar aqui que em mo-

mento algum o Projeto teve a intenção de promover a par-

tida destes sujeitos do campo. Muito pelo contrário, sempre

buscou-se destacar a relevância de constituir-se enquanto

sujeito integrante de uma comunidade tradicional, mas, ao

mesmo tempo, era importante prover subsídios para que se

fosse da vontade do sujeito deixar o campo, que o mesmo

pudesse fazer com dignidade.

O entusiasmo pelo Projeto deu-se pelo fato de que

para além de ler documentos relativos às suas atividades

trabalhistas ou tirar licenças, os pescadores puderam enxer-

gar novas possibilidades de crescimento pessoal e também

profissional.

A este respeito Vale (2001) aponta que os saberes que

esses sujeitos adquirem lhes fornecem outra visão de mun-

do - uma nova leitura de mundo - pois o olhar desses jovens

e adultos torna-se crítico diante dos problemas da socieda-

de na qual eles estão diretamente inseridos.

O saber adquirido pelas camadas populares, para-

doxalmente, possibilita-lhes enxergar o mundo de

uma forma diferente, questionadora e crítica do

próprio domínio burguês. Aguça-se com isto a luta

de classes no interior da escola. A prática escolar, ao

apresentar-se enquanto função reprodutora, con-

traditoriamente possibilita transformações e essas

transformações passam necessariamente pela esfe-

ra do saber. A natureza do saber que é transmitido

pela escola denuncia o potencial político e valora-