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Operações de midiatização: das máscaras da convergência às críticas ao tecnodeterminismo

cia. Movimento semelhante ocorreu com o conceito de interati-

vidade, que, no final dos anos 90 e início dos anos 2000, foi am-

plamente apropriado pelos estudiosos em comunicação. Uma

abordagem interessante que visa desfazer qualquer equívoco

acerca desse entendimento é a de Jenkins (2008), que versa so-

bre as diferenças entre as noções de interatividade e participa-

ção no contexto do que ele entende por cultura da convergência.

É Jenkins (2008), inclusive, talvez o autor mais mencionado no

campo da comunicação quando semostra necessária a utilização

de um conceito mais fechado sobre convergência. É, no entanto,

um equívoco pensar que ele tenha sido o primeiro, e o único, a

estudar o assunto no âmbito da Comunicação.

Em minha tese de doutorado (AQUINO BITTENCOURT,

2012), propus-me estudar as origens do conceito de convergên-

cia, movida por uma crítica à banalização do emprego do termo,

tanto no meio acadêmico quanto na imprensa. Inúmeras vezes,

deparei-me com esforços conceituais que encaravam o fenôme-

no de forma reducionista, entendendo-o como a reunião de di-

ferentes mídias em um único suporte, ambiente ou dispositivo

tecnológico, ignorando questões sociais e culturais envolvidas

nos processos midiáticos. Por outro lado, não era incomum o

contato com referências que abordavam o envolvimento de indi-

víduos na constituição do processo de convergência, sem, no en-

tanto, considerar a importância do elemento tecnológico. Minha

motivação crítica estimulou a elaboração de uma pesquisa que,

além de investigar a diversidade de concepções teóricas, buscou

atingir o equilíbrio entre os aspectos a serem considerados para

o entendimento do conceito de forma mais abrangente no cam-

po comunicacional. Tentando superar o enfoque excessivamente

tecnicista sobre convergência, porém sem desconsiderá-lo em-

preendi, em meu período de doutoramento, uma investigação

sobre as origens do conceito para entendê-lo a partir de seus

aspectos técnico, social e cultural. Como recorte, optei por anali-

sar as relações entre televisão e web, o que me permitiu, através

de um movimento teórico-epistemológico, determinar um con-

junto de categorias de análise. Esta delimitação não prejudicou a

compreensão do conceito aplicado à relação entre outros meios,

de forma que as categorias elencadas podem ser aplicadas para

analisar a convergência entre, por exemplo, o rádio e a web.