Redes digitais: um mundo para os amadores.
Novas relações entre mediadores,
mediações e midiatizações
Se o objetivo for alcançado no prazo máximo de
60 dias, o valor financiado pelos apoiadores é re-
passado ao idealizador do projeto, e este paga ao
Catarse 7,5% da quantia recebida. Sendo assim, se
o projeto não atingir o objetivo e não arrecadar a
quantia estipulada, o valor pago pelo apoiador é
devolvido (REDE GLOBO, 2014,
online
).
Apesar de sua abrangência dizer respeito a iniciativas
provenientes das mais diversas áreas (empreendedoras, políti-
cas, sociais, etc.), o site se apresenta como uma alternativa de
financiamento principalmente para o desenvolvimento de ações
culturais. Neste artigo observamos as transformações que acon-
teceram na vida de um cidadão amador que, ao lançar seu pro-
jeto num site de financiamento coletivo, teve a possibilidade de
concretizar um sonho.
3 As novas práticas de cidadania
O amador e operador do
crowdfunding
que observamos
tem uma singularidade: ele tem uma deficiência, não consegue
movimentar plenamente seu corpo e encontra-se internado há
mais de quatro décadas no Hospital das Clínicas em São Paulo.
Com apenas 1 ano e meio de idade, em abril de 1969,
Paulo Henrique Machado deu entrada no hospital das Clínicas
em São Paulo com febre alta e dores nas pernas. A suspeita se
confirmou: tratava-se de poliomielite, doença popularmente co-
nhecida como paralisia infantil.
Confirmando-se o diagnóstico da doença, comum à
época, em pouco tempo Paulo teve seu estado clínico agravado,
acarretando complicações pulmonares e também a dificuldade
crescente para movimentar o corpo. Embora desde 1999 seja
considerada erradicada da América do Sul pela Organização
Mundial da Saúde, a poliomielite, também conhecida simples-
mente como pólio, fez inúmeras vítimas no mundo inteiro, prin-
cipalmente no Brasil, onde ocorreram vários surtos. O médico
Drauzio Varella esclarece em seu site que a pólio é