Redes digitais: um mundo para os amadores. Novas relações entre mediadores, mediações e midiatizações
tante ver como pensamos a noção de comunida-
de, que constitui um imaginário muito forte (uma
utopia forte). O imaginário mobiliza conhecimen-
tos diversos. Nesta noção de nova comunidade
existem elementos que remetem ao debate sobre
individualismo e a ideia de que o indivíduo tem di-
ferentes papéis sociais e que ele pode estruturar
isso em espaços eletrônicos diferentes (FLICHY,
2013).
Dados apresentados por Flichy (2013) apontam que a
era digital incentiva o que chamaríamos de criadores ou ama-
dores. Na França da década de 70, em cada 10 pessoas uma se
dizia criadora. Quase duas décadas mais tarde, o número de in-
divíduos passou para um em cada quatro e, nos dias atuais, tal
relação é de 50% (FOCUS, 2013,
online
). Se a internet consagra
as novas formas de interação, de trabalho e de lazer, trata-se,
então, de um meio que pode ser visto enquanto ferramenta de
expressão de si mesmo e também de construção (de forma auto-
mática) de uma ID para os outros.
A internet é uma ferramenta das competências.
Com a internet podemos ter mais ou menos fama.
Podemos nos tornar mais ou menos famosos e não
só nos limitar aos 30 segundos de fama. O essen-
cial é observar que o digital permite que o indiví-
duo busque a sua identidade e que ele se expres-
se. Mas trata-se de uma expressão artística que se
insere neste processo de busca de um eu coeren-
te. Outra faceta do digital que se manifesta com a
internet diz respeito ao fato de que o trabalho de
expressão de mimmesmo que eu posso realizar se
torna acessível a todo mundo (FLICHY, 2013).
Mas há outra faceta levantada por Patrice Flichy
(2013) a respeito da internet e que se estende ao mundo dos
profissionais e dos amadores. Esta é uma faceta da qual nenhum
usuário da rede escaparia. Ele se refere à face sombria da esfera
digital e sobre o qual pesquisadores do assunto costumam es-
quecer-se de trabalhar: sempre ficam rastros das atividades dos