

8
suas consequências, que podem ser tanto pela disposição irregular, como pelo manuseio que
compromete a saúde do transportador e dos que estão envolvidos no processo.
Outra característica de desempenho de transporte de REEE são as emissões
atmosféricas geradas na operação. Segundo Vasconcellos (2001), um caminhão gera, em
média, 32 gramas de resíduo sólido por quilômetro em emissões atmosféricas, devido ao
desgaste de componentes e ao consumo de combustível. O monitoramento de veículos de
transporte nos sistemas de gestão ambiental avalia, principalmente, as emissões por consumo
de combustível e idade da frota. Os impactos de transporte afetam diretamente a saúde
humana pela presença de poluentes como carbono, óxidos de nitrogênio, hidrocarbonetos e
material particulado. Os poluentes do transporte são responsáveis pela maior parte das
emissões totais e o efeito estufa é o mais relevante dos impactos (VASCONCELLOS, 2008).
Tratamento:
a etapa de tratamento é composta por três tipos de atividades: (i)
recebimento, separação, e armazenagem; (ii) desmontagem; e (iii) extração de componentes
(BUBICZ, 2013). A primeira etapa não se difere muito das demais atividades de logística
reversa: recebimento e descarga de materiais coletados em rotas otimizadas, classificação e
armazenagem por tipo ou classe (NAGURNEY e TOYASAKI, 2005). Registros devem ser
mantidos atualizados, tanto do nível de estoque como do ritmo de recebimentos. A
desmontagem é basicamente manual, dada a dificuldade de se manipularem automaticamente
placas de circuito impressos (PCI) e outros subsistemas típicos de REEE (BUBICZ, 2013).
Por fim, a extração se dá quando é necessário separar um componente, por processos
químicos e termoquímicos, tais como cobre ou alumínio e placas de circuito impresso (PCI).
Possivelmente, o tratamento mais difícil seja o exigido para as PCIs, dada a diversidade de
formas e total despadronização, tanto de projeto como de processo de manufatura (HUANG et
al., 2009). Huang et al. (2009), Guo et al. (2009), Li et al. (2007) e Wu e Zhang (2010), entre
muitos outros, apresentam e discutem métodos já empregados para esta etapa, envolvendo
diversos tipos de componentes. Não é objetivo deste artigo detalhar os métodos existentes,
mas analisar suas implicações.
A eficácia na etapa de tratamento está diretamente ligada à eficácia na aplicação e
controle das regulamentações pertinentes. Se as regulações forem cumpridas, o tratamento dos
REEE torna-se mais fácil, rentável e seguro. A desmontagem, por exemplo, pode ser
facilitada por regulamentações que imponham normas de ecodesign e recuperação de
componentes, tais como metais ferrosos, metais preciosos ou metais não-ferrosos
(CARVALHO, 2008). Vale a pena, então, sintetizar as principais regulamentações que podem
influenciar na etapa de tratamento de REEE.
Diversos mecanismos de regulamentação foram desenvolvidos e adotados na forma de
leis, para minimizar impactos ambientais geradas pelo acondicionamento inadequado,
transporte, tratamento e descarte irregular de REEE. Os principais mecanismos que podem ser
considerados norteadores são a Convenção de Basiléia, de 1989, o controle da movimentação
de resíduos perigosos entre as fronteiras (OCDE), de 1984-1992 e as Diretivas da União
Europeia (SANSOTERA et al., 2013; MMA, 2012; GOOSEY, 2004; TANSKANEN, 2013).
A Convenção de Basiléia foi uma iniciativa internacional para coibir o tráfico ilegal de
produtos perigosos, desenvolvida em sistema de cooperação internacional. O Brasil aderiu em
1993 e criou uma normatização em 2012, por meio da Resolução CONAMA, 452/2012.
Atualmente é proibida no Brasil a importação de resíduos sólidos perigosos, o que inclui
REEE (MMA, 2016).
A União Europeia aprovou diretivas específicas sobre EEE. A Diretiva 2002/95/EC
Restriction of Hazardous Substances Directive
(RoHs), restringe o uso de substâncias
consideradas perigosas nos EEE, A diretiva RoHs veda alguns materiais e exige o uso de
16