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há esforços por parte de governos para que produtos com maior potencial de periculosidade

sejam monitorados, diminuindo riscos ambientais e melhorando a imagem das empresas

diante dos consumidores (SUNDIN et al., 2012).

Muitos governos e órgãos reguladores têm desenvolvido regulamentações com base no

princípio da responsabilidade compartilhada. Por esse princípio, fabricantes, distribuidores, e

varejistas são responsáveis solidariamente pela destinação final do item ou dos resíduos dele

originados (HORNE e GERTSAKIS, 2006, BRASIL, 2010).

REEE contém componentes tóxicos perigosos que provocam danos à saúde e ao

ambiente (SUNDIN

et al.,

2012, KOHL, 2014). Segundo estimativas da Organização das

Nações Unidas (ONU), somente no Brasil são produzidas mais de 360 mil toneladas de

resíduos tecnológicos por ano, o que torna prioritária sua correta destinação (UNEP, 2009).

Além da necessidade óbvia de reduzir a geração de resíduos, há a necessidade de se estudar

processos de retorno de baixo custo, sem disposição em aterros sanitários ou incineração, pois

esses processos podem causar danos ambientais e perdas de matéria prima (WAGER et al.,

2011).

A principal causa para o aumento na geração de REEE é a velocidade do avanço das

novas tecnologias e a substituição permanente de equipamentos, seja por obsolescência

técnica, ou apenas por moda ou comportamento (BINDEL et al., 2010). Paradoxalmente, a

obsolescência precoce não é necessariamente prejudicial ao meio ambiente, pois pode aportar

benefícios, tais como aumento da eficiência energética e otimização de processos logísticos,

com diminuição de cargas (GOOSEY, 2004).

Logo, o objetivo deste artigo foi oferecer uma revisão conceitual sobre REEE,

incluindo contextualização e definição, principais riscos, como se organiza a cadeia produtiva

de retorno e possibilidades de pesquisa futura. A principal contribuição do artigo visa servir

como referencial teórico para futuras pesquisas, tanto em nível de mestrado e doutorado,

como em projetos de pesquisa financiados pela indústria ou por órgãos de fomento.

1.2

REEE: CONTEXTUALIZAÇÃO INDUSTRIAL E DEFINIÇÃO

EEE são definidos como equipamentos e peças cujo funcionamento adequado depende

de correntes elétricas ou campos eletromagnéticos, bem como equipamentos para a geração,

transmissão, transformação e medição dessas correntes e campos, os quais podem ser para uso

doméstico, industrial, comercial e uso de serviço. Já os REEE são definidos como

“equipamentos elétricos e eletrônicos, partes e peças que chegaram ao fim da sua vida útil ou

o uso foi interrompido.”

(ABNT, 2013). A Diretiva do Parlamento Europeu 2002/96CE

(chamada diretiva REEE) define REEE como todo EEE descartado, incluindo componentes,

subsistemas e consumíveis que faziam parte do produto no momento do descarte (EU, 2002).

REEE é um termo genérico que inclui as várias formas de EEE que já não possuem valor para

seus proprietários (WIDMER et al., 2005). Segundo o

E-wasteguide

(2013), o termo REEE é

utilizado para qualificar equipamentos eletroeletrônicos descartados ou obsoletos que

ofereçam algum tipo de risco para o ambiente pela sua composição. REEE também é citado

como termo genérico que caracteriza equipamentos que se utilizam de sistemas e

componentes elétricos para seu funcionamento, descartados no final de sua vida útil, sendo

potencialmente tóxicos e poluentes da água e do solo (GOOSEY, 2004). Para Tanskanen

(2013), REEE são produtos que em algum momento deixaram de proporcionar o desempenho

esperado e são considerados obsoletos, sendo passíveis de descarte por seus proprietários.

A gestão de REEE é um problema ambiental e uma oportunidade econômica, dada a

presença de certas substâncias, ao mesmo tempo tóxicas e de alto valor, se recuperadas. Mais

de 60% do conteúdo de REEE é composto por ferro, cobre, alumínio, ouro, e outros metais,

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