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As médias de pH e carbono orgânico total não apresentaram variação quando
comparado o resultado obtido na amostragem realizada nas pilhas aos 90 dias de
compostagem com as obtidas no produto final. Pequenas variações podem ser creditadas à
amostragem ou a condução do processo analítico. Massukado (2008) e Ayed et al. (2007) são
autores que obtiveram resultados semelhantes trabalhando com compostagem de RSD.
As médias de nitrogênio total apresentaram-se em Tfinal superiores aos 90 dias de
compostagem e, consequentemente, a relação C:N diminuiu. É razoável admitir que tal
incremento esteja ligado a redução do substrato analisado, que neste caso foi referente à
amostra do produto final e não a amostragem das pilhas como um todo, desta forma, o
nitrogênio passa a ser percentualmente mais representativo.
Ao comparar os teores de fósforo e potássio de T0 com Tfinal não foi notado variação
nos mesmos, logo, sugere-se que não houve perda destes nutrientes ao longo do processo.
Também não foi percebida variação significativa entre os tratamentos. O fato das pilhas terem
sido montadas em área coberta fez com que estas não sofressem ação da chuva, o que evitou a
lixiviação destes elementos. Além disso, caso tenham ocorrido perdas, estas podem ter sido
compensadas pela redução da amostra, que neste caso, foi referente ao produto final e não a
amostragem das pilhas como um todo. Os teores de fósforo e potássio foram condizentes aos
obtidos por Veras e Povinelli (2004), que trabalharam com RSU e Brito (2008) com
compostagem de RSU em pequena escala.
Nesta pesquisa, os valores de CTC ficaram abaixo do recomendado pela literatura para
todas as pilhas e semelhantes aos resultados de Massukado (2008). Apesar disto, a CTC/C
média obteve resultados satisfatórios de 1,7 para pilhas não trituradas, onde P-1 apresentou
CTC/C inferior ao recomendado. Para as pilhas trituradas a CTC/C média de 1,6 ficou
próxima à desejada. Estes resultados explicam a coloração levemente mais escura dos
produtos gerados por P-2 e P-3. A CTC inferior àquela tida como recomendável não
inviabiliza o uso do composto, já que, segundo Paiva (2008) apud Matos (2004) em países de
clima tropical, como o Brasil, os valores de CTC comumente encontrados em solos estão na
faixa de 3 a 15 cmolc/kg e, portanto, inferiores a CTC dos compostos.
Em todas as pilhas, para pH, carbono orgânico total, nitrogênio total e relação C:N,
obtiveram-se resultados dentro das faixas estabelecidas pela Instrução Normativa n° 25 do
MAPA. Os parâmetros fósforo, potássio, CTC e CTC/C não possuem limites fixados nessa
normativa.
Ao analisar os resultados obtidos nas análises microbiológicas, percebeu-se que o
processo foi eficiente em relação a sanitização do composto para o parâmetro ovos de
helmintos, já para o parâmetro coliformes termotolerantes os resultados em todas as pilhas
ficaram acima dos limites estabelecidos pela Instrução Normativa n° 27 do MAPA. Apesar da
temperatura ter atingido os valores preconizados na literatura, esta não foi suficiente para
eliminação dos coliformes termotolerantes. Vale ponderar que os altos valores de temperatura
podem não ter sido atingidos em toda a dimensão das pilhas, levando a uma distribuição
desigual de temperatura que não teria promovido a descontaminação biológica em alguns
pontos. Outro ponto a considerar é que os índices de coliformes termotolerantes podem ter
sofrido uma redução durante a fase termofílica, porém ocorrido o ressurgimento destes até
final do processo, o que sugere recontaminação. A recontaminação pode ter sido resultante do
fato de que as pilhas ficaram dispostas em área onde não restringiu-se o acesso de animas,
tendo, inclusive sido percebida a presença de cães e aves em diversas ocasiões. Outro ponto a
considerar foi que não houve nenhum procedimento diferenciado para desmonte das pilhas,
pesagem, peneiramento ou estoque do material, já que nenhuma destas etapas foi realizada
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