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XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE

DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS

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EIXO 15 – PAULO FREIRE E AS INFÂNCIAS

da

compreensão

, pois compreender é o que a criança não

consegue sem as explicações fornecidas em certa ordem

progressiva por um mestre, um formador como diria Freire

(1996). Nessa forma de educar, não é possível que as meni-

nas e meninos pequenos consigam aprender sem alguém

que lhes

explique

, conduza, prepare para a compreensão de

algo novo, do não conhecido.

As preocupações dos pedagogos, profissionais res-

ponsáveis pela educação das crianças pequenas, consis-

tem em querer saber se a criança está compreendendo, e,

como isso não fica claro, muitas vezes a busca continua no

sentido de encontrar novas formas explicativas para que a

compreensão aconteça. Porém, a lógica está comprometida,

pois para ele compreender significa que nada compreende-

rá a menos que lhe expliquem. Desta forma, “o mestre é vi-

gilante e paciente. Ele notará quando a criança já não estiver

entendendo, e a recolocará no bom caminho, por meio da

reexplicação” (RANCIÈRE, 2010, p. 26).

Vargas (2014) coloca que por trás dessas concepções,

e como resultado da aplicação dessa metodologia universal,

que vê a inteligência dessa forma, está toda uma lógica que

se constituiu de uma linearidade e que vem determinando a

educação das crianças, ou seja, de um pensamento em ter-

mos de uma sucessão de causas e efeitos. Nessa perspectiva

a lógica é simplificadora, na medida em que exclui sempre

uma terceira possibilidade – “se isto é assim não pode ser

aquilo”. Então, o mestre explicador, muitas vezes não con-

segue abrir espaço para perceber outros fatores envolvidos

no ato de conhecer como uma vontade autônoma, um de-

sejo que se move em busca de novidades e, como “pano

de fundo”, as experiências que ocorrem no aprender. Para a

autora “(...) uma lógica que contrapõem esses princípios de

linearidade seria uma lógica circular, como o exemplo viver/

conhecer/viver (p. 78). Essa lógica se sustenta pela curiosi-

dade, pelo desejo de descobrir, investigar o que acontece

quando as crianças podem

perguntar

sobre o mundo do

qual participam.