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XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE

DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS

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EIXO 8 – PAULO FREIRE E A FORMAÇÃO DE PROFESSORES(AS)

Esta tomada de consciência não é ainda a conscien-

tização, porque esta consiste no desenvolvimento

crítico da tomada de consciência. A conscientização

implica, pois, que ultrapassemos a esfera espontâ-

nea de apreensão da realidade, para chegarmos a

uma esfera crítica na qual a realidade se dá como

objeto cognoscível e na qual o homem assume uma

posição epistemológica. A conscientização é, neste

sentido, um teste de realidade. Quanto mais cons-

cientização, mais se desvela a realidade, mais se pe-

netra na essência fenomênica do objeto, frente ao

qual nos encontramos para analisá-lo.

Somente quando o desenvolvimento crítico da to-

mada de consciência vai desvelando a realidade e, assim,

atuando sobre ela, passando de uma concepção ingênua a

uma concepção crítica da realidade, é que se pode falar em

conscientização. Portanto, “conscientização, é óbvio, que

não para, estoicamente, no reconhecimento puro, de caráter

subjetivo, da situação, mas, pelo contrário, que prepara os

homens, no plano da ação, para a luta contra os obst

áculos

à sua humanização” (FREIRE, 2014, p. 158).

Não há como falar em consciência do inacabamento

sem falar em conscientização, ou seja, a partir do momento

em que o professor se dá conta da sua incompletude e da

necessidade de se reinventar a cada dia, a práxis docente não

pode dar-se ao acaso, mas sempre contextualizada historica-

mente e fundamentada por uma consciente ação. Essa possi-

bilidade de

ser mais

a cada dia, de estar permanentemente

(re)aprendendo, reconhecendo-se como seres inacabados

em constantes processos de

estar sendo

, o que impulsiona e

se dialetiza com outro importante movimento dos Círculos

Dialógicos Investigativo-formativos: a auto(trans)formação.

A auto(trans)formação permanente de professores

se da por meio de uma circularidade em espiral

ascendente proativa que se movimenta dentro da

condição ontológica do inacabamento humano em

busca do “ser mais” (FREIRE, 2011), o que só é pos-

sível pelo diálogo com os outros e com o mundo.

Pela dialética ação-reflexão-ação constitui-se um

movimento cooperativo entre homens e mulheres