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O proprietário destacou que, por mais que venha ocorrendo à redução do teor de
metais por aparelho celular ao longo dos anos, a rentabilidade da sua reciclagem ainda é
muito viável, cerca de três vezes do valor de compra do resíduo.
O principal material que é considerado rejeito pela empresa é a carcaça plástica dos
aparelhos celulares pela dificuldade de armazenamento e comercialização. Com a carcaça
plástica t
ambém é gerada uma “borra” no
processo hidrometalúrgico. Segundo o proprietário,
essa “borra” é constituída basicamente por fibra de vidro, epóxi, sílica, além d
e pequenos
teores de metais advindos da perda do processo.
As carcaças plásticas são descartadas
semanalmente e a “borra” do processo em média
de duas vezes ao ano, após ser reprocessada
com a finalidade de minimizar a perda do processo. Foi informado que as carcaças plásticas e
demais rejeitos (“borra”) do processo de reciclagem são enviados para u
ma empresa
gerenciadora de resíduos industriais de diversos segmentos, que realiza posteriormente a
destinação final destes materiais em uma indústria cimenteira. São pagos R$10,00/kg para
descarte desses materiais.
No processo de reciclagem das PCI dos aparelhos celulares são extraídos alguns
metais nobres como, ouro, prata e paládio. O produto final é comercializado através de ligas
metálicas com teores de metais variados de acordo com a demanda do mercado. As ligas
metálicas de ouro, prata e paládio são quase todas exportadas e comercializadas com uma
refinaria em Miami (EUA). Esta refinaria purifica essas ligas metálicas e elas retornam para o
mercado por meio de joalherias, entre outros segmentos.
Outros produtos do processo, como o cobre granular e em pó, são comercializados no
Brasil, em Betim e São Paulo, respectivamente. A empresa também consegue receita com
alguns componentes da placa, como inox, vibrador, entre outros
,
mas o principal retorno são
os metais preciosos. Em termos de faturamento, os aparelhos celulares e suas placas
representam cerca de 70% da receita.
Segundo o proprietário, a mineração urbana dos REEE é uma atividade que tem tudo
para dar certo no Brasil, porém até o final de 2015 o que aconteceu na verdade foi a
“garimpagem urbana”.
É uma atividade que ainda precisa de mão de obra qualificada e uma
classificação específica.
“Hoje, Minas não tem uma mineração urbana, ela tem uma garimpagem
urbana, tá (sic). E essa garimpagem envolve aí o trabalhador menos
remunerado, que é o catador até o cara que fica lá sentado na bancada
tirando o seu ourinho e as coisas assim. Mas é uma atividade que necessita
uma melhor qualificação um melhor ordenamento, ordenação da atividade
com, por exemplo, criação de CNAE, entende? Não tem CNAE pra
reciclagem de eletrônico. A reciclagem de eletrônico dos dois, ou é ferro-
velho e metalurgia, mas ela não é ferro-velho e também não é a metalurgia.
No convencionalismo, é a metalurgia voltada pra eletrônico. Ela é bem
diferenciada, não é metalurgia de mina como é
feita (Proprietário)”.
A principal dificuldade da empresa é a falta de investimentos no seguimento no Brasil.
Outros aspectos mencionados foram a captação de material até a empresa e a mão de obra
desqualificada. Ele acredita que a grande parcela dos aparelhos celulares em desuso ainda se
encontra nas gavetas da população e que falta uma maior divulgação para recolhimento desses
materiais.
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