

136
A quinta e última etapa é o processamento das “PCI NKD” que possuem
aproximadamente 50% de cobre, metal menos valioso, e basicamente cerca de 40% de fibra
epóxi (Figura 2).
Para uma tonelada de aparelhos celulares inteiros em média de 50% do seu peso é a
carcaça plástica com a bateria. Sem a bateria, a carcaça plástica representa cerca de 40% do
peso. As PCI com componentes são aproximadamente de 30 a 40%; no entanto, vários
componentes como os vibradores, microfone, autofalante, entre outros, não são processados.
Após remoção desses componentes, as PCI com os
chips
representam 20 a 25%, ou seja, para
uma tonelada de aparelhos celulares tem-se em média 200 a 250kg de PCI com
chips
.
De acordo com o proprietário, o principal metal a ser extraído das PCI é o ouro,
seguido por prata, paládio e cobre. São extraídas cerca de 800 gramas de ouro por tonelada de
PCI com
chips
. Ele afirmou que a maior concentração dos metais preciosos (80%) está
presente nos
chips
das PCI. Na PCI NKD extrai-se cerca de 50% de cobre do seu peso.
O processo de extração dos metais nobres utilizado pela empresa é o hidrometalúrgico.
A ordem de extração ocorre por prioridade dos metais: primeiro o ouro, em seguida em
volume é a prata, depois o paládio e por último o cobre. A perda do processo de reciclagem
dos aparelhos celulares até o final de 2015 estava na faixa de 15%. Essa perda acontece
princip
almente nas etapas térmicas de processamento dos componentes das “PCI
cell
”, que
contêm aproximadamente 80% dos metais nobres. O proprietário tem buscado minimizar as
perdas do processo com o reprocessamento de alguns materiais que são estocados por até seis
meses.
Os principais acessórios que chegam até a empresa são os carregadores dos aparelhos
celulares. Estes materiais são comercializados com outra empresa que realiza a separação do
cobre dos fios e paga 30% do valor cometido.
As baterias que chegam à empresa geralmente são dos aparelhos celulares coletados
através de campanhas. Ademais, é um volume pequeno que costuma chegar e elas estão sendo
acondicionadas. De acordo com o proprietário, existe também a ideia de reciclar as baterias
dos aparelhos celulares. Ele afirmou ainda que já realizou testes para recuperação de níquel e
lítio, mas a escala de recebimento de baterias precisaria ser muito superior ao que foi no ano
de 2015 e o alto investimento inicial para montar uma planta para processar esse material era
inviável naquel momento. Para que fosse viável reciclar as baterias seria preciso que a
empresa recebesse cerca de 3 a 4 toneladas/mês.
Quando questionado se a evolução dos aparelhos ou a variabilidade dos modelos
poderia afetar o processo de reciclagem o entrevistado fez o seguinte comentário:
“É o seguinte, celular é igual vinho, quanto mais velho mais ouro,
entendeu? Vinho, quanto mais velho melhor. Celular, quanto mais velho
melhor, em questão de teor de metais. Então cê (sic) pega um celular da
década de 90, costumava ter 10g de ouro num celular, aqueles Ericson
antigos, tinha procura. Aquilo é uma mina de ouro ali dentro. Eu digo que o
tempo foi passando, foi diminuindo, foi compactando, compactando. Hoje cê
(sic) tem celulares aí, extremamente com o essencial. Hoje a média do
celular é 0,04 gramas de ouro por celular (Proprietário)”.
124