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Etapas da cadeia de reciclagem dos aparelhos celulares pós-consumo
Em estudo sobre a tecnologia ambiental aplicada aos REEE, o Centro de Tecnologia
Mineral (CETEM, 2010), do Ministério da Ciência e Tecnologia, apresentou fatores
relevantes para o tratamento de resíduos de celulares, como as fontes de substâncias perigosas
ao meio ambiente e à saúde humana, e o tratamento adequado de resíduos advindos de
produtos eletroeletrônicos. Ademais, destaca-se a alta relevância econômica, tendo em vista a
elevada variabilidade de metais nobres que compõem este tipo de material e, por conseguinte
o seu alto valor agregado. De acordo com o CETEM (2010), a reciclagem adequada dos
REEE consiste basicamente em três etapas: coleta, pré-processamento e processamento final.
A etapa de coleta consiste na captação de REEE, ou de produtos eletroeletrônicos que
se tornaram obsoletos até a reciclagem (COUTO, 2016). Após a coleta ocorre o pré-
processamento, que é subdividido pelas etapas de desmanche, fragmentação e separação por
tipo de REEE ou por características similares. Dessa forma, a etapa de desmanche possibilita
a separação adequada de materiais que possuem valor agregado dos componentes perigosos, o
que viabiliza a etapa subsequente de processamento final do material.
A etapa de fragmentação, ou tratamento mecânico, visa à redução de volume do
material. Ocorre, em geral, por meio de esmagamento ou cominuição. Esse processo facilita a
separação e manipulação dos materiais para posterior tratamento, além da redução
granulométrica do material propiciar a liberação de metais heterogênios e influenciar
diretamente na extração dos metais. A etapa de separação pode ocorrer de várias formas; entre
elas, destacam-se: a separação eletromagnética, a flotação, a separação por vibração e a
triagem óptica (CETEM, 2010).
Na etapa de pré-processamento ou processo mecânico, os materiais são classificados e
separados por tipologia (diferença de densidade e tamanho da partícula), as frações de
polímeros e cerâmicos são enviados para linhas específicas de tratamento e as frações
metálicas seguem para o processamento final, via processos hidrometalúrgicos,
pirometalúrgicos, eletrometalúrgicos e biohidrometalúrgicos (VEIT e BERNARDES, 2015).
Uma ampla gama de componentes feitos de metais, plásticos e outras substâncias está
contida nos REEE, incluindo os aparelhos celulares. No entanto, segundo Chancerel e Rotter
(2009), não é só a massa total dos materiais com potenciais de serem recuperados que é
ambientalmente relevante no processo de reciclagem, mas também quaisquer outros tipos de
materiais secundários que serão produzidos, levando em consideração ainda os fatores
socioeconômicos, bem como os aspectos ambientais. No processo de reciclagem visando à
recuperação de metais a partir das PCI dos REEE, várias opções de processamento final
destes resíduos são baseadas em processos mecânicos convencionais, além de processos
hidrometalúrgicos, pirometalúrgicos, eletrometalúrgicos e biometalúrgicos, ou na combinação
destes (PETTER
et al.
, 2012).
As principais técnicas utilizadas do processamento final das PCI dos REEE (incluindo
os celulares), com suas respectivas características e vantagens (VEIT e BERNARDES, 2015),
e os metais que são, geralmente, extraídos/recuperados em cada processo são apresentadas a
seguir na Tabela 2 (ver informação mais detalhada sobre tais procedimentos no capítulo
xx
deste volume. Os aparelhos celulares (comuns e
smartphones
) apresentam um índice
potencial de reciclagem de 90%. Perdem apenas para o grupo dos computadores/
notebooks
e
equipamentos industriais e comerciais (92%) (KUNRATH e VEIT, 2015).
Vivas e Costa (2013), por meio da metodologia de análise hierárquica dos processos
(AHP), analisaram as técnicas de reciclagem e extração/recuperação de metais das PCI dos
REEE. Os dois principais fatores para seleção foram os aspectos ambientais (geração de
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