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A composição das PCI dos aparelhos celulares tem se modificado ao longo dos anos,
com aumento da concentração de cobre e com variação da quantidade de ferro. Ademais,
essas variações também podem ser percebidas de acordo com a marca do aparelho celular
(YAMANE
et al.,
2011; KASPER
et al.,
2011a).
Essa variedade de materiais dificulta o processo de reciclagem das PCI; entretanto, a
presença de metais preciosos (ex. Au, Ag) e de interesse econômico (ex. Cu, Sn, Al)
evidencia as PCI como uma matéria-prima atraente para a reciclagem (GRECO
et al.,
2015).
A recuperação dos metais preciosos como o ouro, a prata e o paládio, pode apresentar teores
expressivos quando comparado à reciclagem das PCI e o minério natural (SANT’ANA,
MOURA e VEIT, 2013). Dessa forma, o teor médio de ouro de uma PCI pode ser de 40 a 800
vezes superior ao minério de ouro encontrado na natureza (ZENI
et al.
, 2012).
Baterias
As baterias são componentes vitais para os equipamentos eletroeletrônicos, inclusive
os aparelhos celulares, pois são responsáveis pelo fornecimento de energia elétrica através de
conversão química (SENA, 2012). Todavia, as baterias possuem uma vida útil pré-
estabelecida, aonde o seu desempenho vai diminuindo ao longo das recargas. De acordo com
Santos
et al.
(2012), a obsolescência das baterias dos celulares faz com que os consumidores
troquem de aparelho de forma prematura e, na maioria dos casos, de maneira incorreta.
De acordo com a literatura (TRIGO, ANTUNES e BALTER, 2013; SENA, 2012)
existem diversos tipos de baterias que estão sendo utilizadas em aparelhos celulares, dentre as
quais se destacam: íon lítio (Li-Íon); níquel-cádmio (NiCd); níquel metal hidreto (NiMH); e
íons de lítio/polímero (Li-Íon polímero). Nos aparelhos mais modernos, as baterias que estão
sendo mais utilizadas são as de íon lítio, que possuem uma série de vantagens como: serem
mais leves e com alta densidade de energia (capacidade de armazenar mais energia); e mais
resistentes (vida útil acima de 500 ciclos de recarga).
A composição das baterias é à base de metais poluentes e implica na busca de
tecnologias para o seu tratamento (CETEM, 2010). Além disso, os materiais que compõem as
baterias de aparelhos celulares também possuem valor agregado, que torna ainda mais
justificável a sua reciclagem (SENA, 2012). Segundo Fernandes, Afonso e Dutra (2012), a
recuperação de elementos valiosos é tanto importante quanto o tratamento de resíduos
perigosos, pois cerca de 25% de cobalto e 3% de níquel, da produção mundial, são destinados
para fabricação de baterias que serão utilizadas nos produtos eletroeletrônicos.
SILVA
et al.
(2014) caracterizaram as baterias do tipo íon lítio com a presença de
cobalto (33%), lítio (10%), cobre (5%) e alumínio (4%) como os principais metais da parte
sólida da massa desse tipo de bateria.
Souza, Leão e Pina (2005) demonstraram que é possível extrair e recuperar
seletivamente, de maneira eficaz, metais como o cádmio, níquel e cobalto por meio da técnica
hidrometalúrgica. Portanto, das baterias utilizadas nos aparelhos celulares, Sena (2012)
exemplifica que das baterias do tipo íon lítio (Li-Íon) pode-se recuperar o cobalto para
reutilizá-lo em ligas metálicas; das baterias de níquel metal hidreto (NiMH), o níquel e o
ferro; e, das baterias de níquel-cádmio (NiCd), o níquel pode ser utilizado no aço inoxidável.
Asseguram, com isso, uma alternativa sustentável para minimizar os impactos ambientais
advindos dos descartes inadequados dessas baterias, além de recuperar elementos químicos de
interesse econômico.
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