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PANORAMA DA GESTÃO DOS RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO

CIVIL EM BELO HORIZONTE (MG) (

LUIZ HENRIQUE SIQUEIRA

RESENDE

(RAPHAEL TOBIAS DE VASCONCELOS BARROS ,WHITE

JOSÉ DOS SANTOS, RENATO DE CARLI ALMEIDA COUTO).

RESUMO

: A situação da produção dos resíduos de construção e demolição (RCD) no Brasil

deixa a desejar. Embora com leis adequadas, os entendimentos e iniciativas não correspondem

às necessidades de melhoria. Baseado em dados secundários oficiais, em documentos

acadêmicos, alguns levantamentos diretos e da percepção daqueles que vivenciam a situação,

este estudo ilustra a gestão dos RCD em Belo Horizonte (MG) e região no começo desta

década. São sistematizadas as informações obtidas em fluxogramas, mapas e gráficos, de

modo a permitir uma análise global da questão onde se salienta seu aspecto ambiental. As

enormes quantidades produzidas e sua má gestão chamam atenção, não merecendo atenção

por parte dos próprios geradores e das autoridades. Constatam-se boas iniciativas,

desarticuladas, descontínuas e com muitas limitações, e algum amadurecimento institucional;

contudo, a implementação de uma adequada política municipal de gestão de RCD tarda e a

população ainda não reconhece a importância de um maior envolvimento.

Palavras-chave:

gestão de resíduos de construção e demolição, valorização, caso de Belo

Horizonte

7.1

INTRODUÇÃO

Observou-se, neste começo de século no Brasil, um vigor expressivo da construção

civil, uma das mais influentes atividades no que diz respeito ao desenvolvimento econômico e

social (NAGALLI, 2014). Efeitos colaterais inevitáveis deste crescimento têm mostrado que o

processo não é entendido na sua integralidade; assim, impactos ambientais negativos

derivados destas atividades não são sequer considerados e, menos ainda, mitigados. O

significativo aumento na produção dos resíduos sólidos (RS) causa muitos problemas por não

serem corretamente manejados, seja pela exploração predatória das matérias primas, pelo

excessivo consumo de recursos naturais, pela intervenção na paisagem ou pela má disposição

dos resíduos gerados (BARROS, 2012; NAGALLI, 2014).

Das atividades inerentes à construção civil, como construções, reformas e demolições,

provêm os chamados Resíduos de Construção Civil (RCC) ou Resíduos de Construção e

Demolição (RCD). Dos materiais que entram numa obra, boa parte sai como resíduo, tais

como brita, areia, mistura de cacos cerâmicos, de tijolos, pedaços de argamassa, de concreto,

madeira, plástico, fios e terra, sendo que todo este “entulho” pode representar uma perda

média de até 30%. Os índices elevados de perda podem ser explicados pelas altas taxas de

geração de resíduos por metro quadrado de obra construída, como verificado por Pinto (1999),

Careli (2008), Solís-Guzmán

et al.

(2009), Llatas (2011) e Sáez

et al.

(2014), por exemplo.

A grande quantidade de materiais perdidos nas construções faz com que os RCD

sejam os resíduos com maior participação proporcional dentre todos os tipos de resíduos

sólidos gerados em muitas cidades. Pinto (1999), em estudo realizado em seis municípios

brasileiros, verificou que nessa época os RCC já chegavam a representar de 54% a 70% da

totalidade dos resíduos gerados nas cidades, sendo que esses altos valores ainda são

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