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na construção civil (RMBH, 2010) -, os agregados reciclados podem buscar seu lugar nesse

mercado, mesmo que não seja “competindo” com os agregados naturais, como enfatizado

pelo representante de uma ATT:

Na realidade existe no mercado, principalmente na região de Belo Horizonte, ela é

muito rica em minerais, nós somos especialistas em mineração. (...) mas isso é, o RCD

não pode ser encarado no sentido de competição pra essas indústrias de mineração

(...) primeiro que ela

[a reciclagem de RCD]

nunca vai ter essa capacidade (...) ela

nunca vai chegar a competir com esse pessoal, principalmente porque ela também

tem a sua limitação pela própria impureza que existe no processo e a quantidade é

muito pequena. Ela “só” vai trazer benefícios ao meio

ambiente (...)

”.

(Resende,

2016)

Na opção “outros”, além de justificar caso não soubessem opinar, os especialistas

consultados tiveram a oportunidade de acrescentar outros motivos que dificultam a

concorrência dos agregados reciclados com os naturais; ness

e caso, foram citados: “falta de

área para instalação de plantas de reciclagem” e “a quantidade de RCD gerada, insuficiente

para se estabelecer esse mercado”. Embora a falta de áreas para a instalação de estações de

reciclagem tenha sido mencionada, Lúcio (2013) verificou que todas as regionais

administrativas de Belo Horizonte possuíam à época áreas propensas à instalação de ATT.

Mesmo que uma ERE necessite de mais espaço que uma ATT, alguns profissionais

entrevistados sugeriram a implantação de usinas de pequeno porte em Belo Horizonte

(discutido em itens posteriores), e que poderiam ser instaladas nas áreas identificadas por

Lúcio (2013).

Analisando a Figura 12 nota-se, também, que a falta de interesse por parte da indústria

da construção civil é fator determinante nesse contexto. Esse desinteresse poderia ser

justificado, por exemplo, pela falta de qualidade do agregado reciclado de RCD produzido em

Belo Horizonte; entretanto, no mesmo gráfico é possível notar que esse foi o motivo menos

justificado pelos especialistas. Desse modo, o desinteresse da indústria da construção civil

pelos agregados reciclados pode ser explicado, em parte, pela falta de divulgação da qualidade

desse material

que precisa ser devidamente atestada -, fato que foi atribuído pelos

especialistas entrevistados ao poder público e pela discreta participação do meio acadêmico

na gestão de RCD em Belo Horizonte.

O fato de a má qualidade dos agregados reciclados não ser considerada um dos

problemas para o mercado de agregados reciclados de Belo Horizonte pode indicar algum

reconhecimento dos serviços prestados pelas áreas de reciclagem de RCD do município.

Apesar dos vários problemas evidenciados no fluxo do gerenciamento e dos diversos

pontos negativos da gestão de RCD em Belo Horizonte de modo geral, é importante ressaltar

que essa avaliação foi realizada entre meados de 2013 e o final de 2015. Desse modo, todos os

contatos, levantamentos, estimativas e discussões acerca desse tema foram realizados no

máximo três anos após a publicação da lei municipal 10.522/2012, portanto com pouco tempo

para que sua aplicação pudesse ser devidamente avaliada.

Além da Lei 10.522/2012, também deve-se destacar a recente publicação do Plano

Metropolitano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos no ano de 2013, especialmente pelo

fato de que um de seus focos são os RCD. Nesse contexto, considera-se que tanto a lei

municipal quanto o plano metropolitano ainda estão em processo de maturação, sendo que,

dependendo de diversos fatores como a boa fiscalização e o aporte de recursos para a

manutenção da lei e do plano, melhorias podem ser esperadas em avaliações futuras. Vale

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