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EIXO 7 – PAULO FREIRE E A EDUCAÇÃO POPULAR (AMBIENTES DIVERSOS)

XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE

DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS

por educação libertadora. Daí que a compreensão dos ‘cír-

culos de cultura’ exige práxis libertadora, exige, igualmen-

te, compreensão epistemológica de cultura condicionada à

força de trabalho, à “visão crítica e dinâmica da realidade”

(FREIRE, 1987, p.93). Este limite, com o qual se define a po-

sição política da prática pedagógica, pressupõe ‘rigorosi-

dade metódica’, “presença de educadores e de educandos

criadores, instigadores, inquietos, rigorosamente curiosos”

(FREIRE, 1996, p.29).

Na continuidade da reflexão, outro limite que deve ser

elencado paira sobre possibilidades de equívocos com os

quais se pode pensar ‘círculos de cultura’ como exclusivida-

de das práticas de alfabetização de adultos. É bem verdade

que sua origem esteve atrelada ao movimento de educação

do MCP quando Paulo Freire dirigia a Divisão de Pesqui-

sa, coordenando o

Projeto de Educação de Adultos

. Como

lembra Paulo Rosas (1991), deste Projeto se deu origem a

outros, os Centro e Círculos de Cultura:

Lembro-me dos

Círculos de Cultura

com a emoção

de quem pensa em sua Universidade de Utopias.

Pelo menos em minhas fantasias, eram o que deve

ser uma das dimensões acadêmicas fundamentais:

uma instituição aberta ao debate. Ideias, proble-

mas, inquietudes. Ciência e Filosofia. Arte. Criação.

Vida. Para participar daqueles debates não se exigia

‘papel passado’ em cartório. Todos podiam fazê-lo.

Analfabetos, por que não? (ROSAS, 1996, p.158).

Provavelmente este seja o caminho a ser pensado. Os

‘círculos de cultura’ disponibilizando relações condicionadas

por participação ativa. Certa característica assinalada por Er-

nani Fiori (1987) ao referir-se ao humanismo pedagógico

que possibilita ao ser humano se reconhecer, a se constituir

de consciência, de conhecimentos e, como consequência,

decidir, agir. Os ‘círculos de cultura’, como procedimento

metodológico, amplia seu campo de intervenção ao dispo-

nibilizar condições aos integrantes de se engajarem com

diferentes leituras de mundo. Aprendendo a dizer a pala-

vra homens e mulheres aprendem a decodificar o mundo.