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XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE

DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS

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EIXO 7 – PAULO FREIRE E A EDUCAÇÃO POPULAR (AMBIENTES DIVERSOS)

mas tê-los como opostos que se dialetizam no ato de pen-

sar” (FREIRE, 2004, p. 97).

O processo teórico freiriano desloca-se do concreto

ao abstrato e retorna ao concreto concebido pelo pensa-

mento, caracterizando um movimento por entre abstrato e

concreto no qual se supera a abstração pela percepção crí-

tica do concreto.

Na obra

Educação como prática de liberdade

, Freire

(1969) problematiza que a constituição da compreensão de

algo irá resultar em uma ação. “Captando um desafio, com-

preendido, admitidas as hipóteses de resposta, o homem

age” (FREIRE, 1969, p. 106). Acrescenta que à natureza da

ação corresponde a natureza da compreensão.

Dessa maneira, é possível assumir o processo dialéti-

co freiriano a partir do movimento de ação-reflexão

12

. Esse

movimento está inserido no processo dialético freiriano

quando se assume o pressuposto de que a educação

13

com-

preende a autotransformação dos seres humanos, promo-

vendo a postura interferente desses no contexto onde estão

inseridos.

O processo de ação-reflexão visa à “[...] desmitologi-

zação da realidade” (FREIRE, 2011, p. 77), na qual o sujei-

to tomará distância da realidade em que se encontra, para

constituir o movimento de inserção crítica nessa mesma,

resultando na ação sobre essa realidade constituída. O pro-

cesso busca desvelar as relações dos seres humanos com o

mundo, como modo de ação política, pela consciência de si.

Dessa maneira, nos movimentos de ação-reflexão,

a prática está inserida nas situações concretas pela codifi-

12 Para Kronbauer (2010), a ação-reflexão freiriana “[...] designa o binômio da

unidade dialética da práxis, supondo que esta seja o fazer e o saber refle-

xivo da ação. O saber que realimenta criticamente o fazer, cujo resultado

incide novamente sobre o saber e, assim, ambos se refazem continuamen-

te” (KRONBAUER, 2010, p. 23).

13 Na obra

Educação como prática da liberdade

, Freire (1969) se refere ao

processo de alfabetização, ao sustentar que essa “[...] não pode ser feita de

cima para baixo, como uma doação ou imposição, mas de dentro para fora,

pelo próprio analfabeto, apenas com a colaboração do educador” (FREIRE,

1969, p. 111).