Table of Contents Table of Contents
Previous Page  786 / 2428 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 786 / 2428 Next Page
Page Background

786

EIXO 7 – PAULO FREIRE E A EDUCAÇÃO POPULAR (AMBIENTES DIVERSOS)

XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE

DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS

soluções para a sociedade quando, o que denominou, em

tempo de trânsito

7

.

Nesse contexto, do trânsito da sociedade brasileira,

com a eminente participação popular na tomada de deci-

sões e ações, Freire compreende a ideia de que as elites não

seriam capazes de promover uma revolução contra si mes-

mo. Elites distanciadas do povo, promotoras de uma aliena-

ção cultural, fatores característicos de uma sociedade fecha-

da. “Povo ‘imerso’ no processo, inexistente enquanto capaz

de decidir e a quem correspondia a tarefa de quase não ter

tarefa. [...] Nenhuma vinculação dialogal entre estas elites

e as massas, para quem ter tarefa corresponderia somente

seguir e obedecer” (FREIRE, 1969, p. 47, grifo do autor).

Em contrapartida, o mesmo autor reflete que a socie-

dade, ao rachar-se

8

, em seu tempo histórico, faz com que

temas como democracia, participação popular, liberdade,

educação, dentre muitos outros, passem a ser ressignifica-

dos e não mais satisfaçam a sociedade em trânsito, confor-

me eram utilizados ou manipulados pela sociedade fechada.

Essa ressignificação propicia um momento de capta-

ção de novos anseios e necessidades, com uma visão nova

dos velhos temas, a qual permite caminhar rumo a uma so-

ciedade aberta, mas de outra forma. Se criada uma visão

distorcida, acarretaria uma sociedade das massas, na qual o

ser humano, sem consciência crítica, tornar-se-ia acomoda-

do e domesticado.

7

Na obra

Educação como prática da liberdade

, Freire (1969) compreende

que o momento de trânsito apresenta contradições cada vez mais fortes

entre as formas de ser, valorar e comportar-se histórico-culturalmente do

ontem em relação às formas diferenciadas do futuro. O contexto brasileiro

assumia, ao final dos anos 50 e anos 60, uma transformação sociocultural

de pais subdesenvolvido para um contexto de país em vias de industria-

lização, com o enfrentamento do momento de trânsito durante o golpe

militar de 1964.

8

Freire utiliza a expressão: “[...] toda a temática e o conjunto de suas tarefas,

ao rachar-se a sociedade, assumiram uma nova coloração” (FREIRE, 1969,

p. 47). Como rachadura entende-se a ruptura nas forças que mantinham

a sociedade fechada em equilíbrio. Ao contexto da época, Freire (1969)

assume que as alterações econômicas com os primeiros passos da indus-

trialização foram os principais fatores da rachadura da sociedade brasileira.