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XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE

DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS

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EIXO 5 – PAULO FREIRE E OS MOVIMENTOS SOCIAIS, EDUCAÇÃO E TRABALHO

O número de açoutes será fixado na sentença; e o

escravo não poderá levar por dia mais de cincoenta.

5

A Lei Áurea, assinada em 13 de maio de 188, tornou

o Brasil o último país ocidental a libertar seus escravos. Essa

lei garantia a liberdade, porém não atribuía ao Estado qual-

quer responsabilidade de assistência socioeconômica aos no-

vos cidadãos. Com a queda definitiva do Império, em 15 de

novembro de 1889, e com a adoção da forma de governo

republicana, não ocorreu nenhuma mudança significativa na

estrutura de poder do Estado brasileiro, que promovesse uma

inclusão dos milhões de afrodescendentes ex-escravizados

6

.

No Brasil, a história da colonização e exploração portu-

guesa, através de mão de obra escrava, serve-nos como au-

xílio para entender a realidade da discriminação e exclusão

para negros, que, segundo dados do IBGE (2010), compõem

51% da população e estão excluídos de postos estratégicos

da sociedade. Findos os mais de 350 anos de escravidão no

Brasil, desde 1888, com a Lei Áurea, nenhuma medida repa-

ratória foi tomada pelo Estado brasileiro, no sentido de inse-

rir essa parcela da população na sociedade, pois, a partir de

então, se tornará livre oficialmente, porém carrega o jugo de

mais de três séculos de escravidão, justificados pela suposta

inferioridade proveniente de sua pigmentação.

A imparcialidade e ineficácia do Estado brasileiro, na

reparação e inserção de afrodescendentes, que construíram

a riqueza do Brasil, pós a Lei Áurea, somadas às teorias de

Democracia racial

, bem como as teorias eugenistas,

7

am-

plamente difundidas no século XIX, porém presentes ao

longo do século XX, na memória e ações da elite brasilei-

5

BRASIL Leis, decreto, etc. Código Criminal de Império do Brasil, 2. ed. Rio

de Janeiro: H. Lemmert, 1876.

6

TELLES, Edward. Racismo à brasileira: uma nova perspectiva sociológica.

Rio de Janeiro: Relume Dumará e Fundação Ford, 2003.

7

Eugenia é um termo criado por Francis Galton (1822-1911), que a definiu

como o estudo dos agentes sob o controle social que podem melhorar

ou empobrecer as qualidades raciais das futuras gerações, seja física, seja

mentalmente. O tema é bastante controverso, particularmente após ter

sido parte fundamental da ideologia de pureza racial nazista, a qual culmi-

nou no Holocausto.