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1974

EIXO 11 – PAULO FREIRE EM DIÁLOGO COM OUTROS(AS) AUTORES(AS)

XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE

DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS

um modelo de pensamento e organização ideológica, en-

quanto fio condutor das redes conceituais e próprias cons-

truções teóricas. O exercício filosófico, ensurdecedoramente

silencioso na sua contemplação aparece como um método

de trabalho ativo, muito mais do que uma fonte passiva de

elucubrações. Nestes termos, Freire dá um protagonismo

grande para a cultura popular, que traz consigo a neces-

sidade de transmitir estas vivências não apenas enquanto

prática cultural, mas como uma das dimensões próprias do

ensino. Esta estratégia visa a conscientização de nossa pró-

pria historicidade, algo inerente ao protagonismo do ensino

libertador para autonomia e que parte do âmbito familiar,

e deveria evoluir dentro dos ambientes escolares, formais,

informais e não formais de educação. Contudo, há uma di-

mensão alienadora que domestica o conhecimento, e, ao

colocá-lo contra um pano de fundo de permanência, apaga

as diferenças, as particularidades históricas interpessoais do

povo e se constrói a serviço de um modelo ideológico muito

particularizado. Certamente devemos refletir sobre que mo-

delo ideológico é este, e Freire nos instiga a isso ao longo

da construção de sua ideia de autonomia. Central para a

educação está este modelo crítico que visa a autonomia, a

liberdade, o pensamento insubordinado às imposições civi-

camente questionáveis.

O pensamento de Ranciére, majoritariamente voltado

para o questionamento da estética e suas implicações, não é

diretamente ligado ao pensamento de Freire. Não foram en-

contradas citações a Freire em seus trabalhos e não há como

aferir se desconhece as ideias do educador pernambucano.

Entretanto, algumas questões centrais a ambos os filósofos

legitimam esta aproximação orgânica na medida em que há

uma valorização das noções de partilha, com pontos de to-

que e afastamento, as implicações políticas desta partilha

enquanto posicionamento particular e de grupo, e, também,

enquanto contingência da ordem social. Jacques Ranciere

dissocia a estética de uma teoria da arte, ou filosofia pu-

rista do belo, também não a restringe a estetização, mas a