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XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE

DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS

1971

EIXO 11 – PAULO FREIRE EM DIÁLOGO COM OUTROS(AS) AUTORES(AS)

Bernardet, representam 45% das obras citadas. A conjunção

destes dois cenários ajuda a compreender uma situação que

pode e deve ser encarada como um problema a ser atacado

dentro e fora do meio acadêmico, isto é, as necessárias pro-

blematizações, pesquisas e reflexões sobre o olhar feminino

nas suas diversas instâncias, aqui recortado pela produção

cultural. Este questão, ilustrada pelo baixo índice de visibi-

lidade de produção filmográfica e histórica, foi detectado e

problematizado pelas alunas dentro de sala de aula. Em sua

apresentação de seminário elas questionaram os diferentes

contextos sociais que poderiam ter construído as condições

para esta situação e trouxeram dados periféricos em con-

traponto ás questões em posição hegemônica para ilustrar

a representatividade crescente da produção organizada por

mulheres.

Michel Foucault, em

Arqueologia do saber

(1997), pro-

põe que, na elaboração da escrita historiográfica, há uma

tessitura de “fragmentos enunciativos dispersos” que não

podem ser dissociados de suas dimensões extra-gramati-

cais de fundo sócio-ideológico. As próprias regras e nor-

matizações não partem de idiossincrasias da historicidade e

seus objetos, mas de interesses outros que, com diferentes

forças, afetam o discurso histórico. Ou seja, o filósofo fran-

cês está, em uma primeira instância, nos alertando para a

maneira como vinculamos a produção de uma historiografia

a um crivo de organização dos fatos, evidências e documen-

tos pautados por uma imposição superestrutural. Aquilo

que está no centro da preocupação ideológica do discurso

coloca no seu centro aquilo que favorece a sua própria ma-

nutenção. No caso da historiografia, não há uma valorização

da coerência documental do passado se ela destoa das im-

posições ideológicas de seu contexto. Em outras palavras,

se no contexto cultural não se imagina a mulher na posição

privilegiada de autoralidade, logo, o imaginário deste mo-

mento é desprovido dessa possibilidade. E isto se mantém

sem que percebamos, esta é a armadilha ideológica: replicar

sem se dar conta da ausência de questionamento. Esta ideia