Operações de midiatização: das máscaras da convergência às críticas ao tecnodeterminismo
com as TICs. Por isso, não se justifica usar a palavra inovação.
A concepção de inovação tem origem no pensamento
de Schumpeter (1982) e trata de produtos, interessando mui-
to mais à economia do que à comunicação. Portanto, parece-me
que mutação talvez seja um bom termo para refletirmos sobre
as TICs. A microinformática começou a ter grande presença na
vida das pessoas no meio dos anos 1990 com a abertura da in-
ternet ao público. A partir deste momento, começou a se impor
o discurso da promoção da técnica, a qual tomou a forma de um
imaginário sedutor. Houve uma promoção social dos objetos que
estavam à venda (como computadores, celulares, etc.), apoiados
pelos imaginários sociais.
A noção de mutação pode ser bem percebida nas rela-
ções das pessoas desde que as TICs passaram a fazer parte do
cotidiano. Percebe-se, assim, que todo processo comunicacional
sofre mutações ao longo do tempo e que muito do que é comu-
nicado sofre influência da técnica utilizada. Mesmo sem que as
pessoas percebam, o meio age sobre aquilo que veicula. Esse é
o caso das TICs, as quais têm um discurso sedutor, fazendo com
que a maioria das pessoas não percebam nada de mau nelas.
Jacques Ellul (1988) destaca isso em textos críticos sobre o blefe
tecnológico ao falar de prevenção contras as técnicas. Trata-se
de um tipo de discurso acerca das técnicas.
2 Os discursos sobre as técnicas
A partir dessa primeira aproximação, Miège passa a
tratar de quatro diferentes discursos:
a)
O primeiro diz que as técnicas antecipam os usos que
se podem fazer delas e, consequentemente, das práticas
sociais. Isso está relacionado à antecipação dos usos.
Quando usamos as ferramentas de forma pioneira, temos
uma visão do que se pode fazer. Os primeiros usuários
de ferramentas têm uma previsão do que pode vir com
uma nova tecnologia. Entretanto, algumas delas, muitas