Redes digitais: um mundo para os amadores.
Novas relações entre mediadores,
mediações e midiatizações
sibilidades que podem ser gerados pelos discur-
sos de outrem ali integrados (CORRÊA; RIBEIRO,
2012, p. 338).
Porém, como observamos, essas relações não são trans-
formadas apenas pelos conhecimentos técnico-científicos brico-
lados pelos amadores. O conhecimento de si, de suas emoções,
ingressa também nos processos interacionais, demandando
novos contratos e pactos. Nesse sentido, a extimidade também
aciona transformação nas relações sociais com os especialistas.
Outra relação sugerida: como o sujeito “se constitui
discursivamente ao apreender vozes alheias e é integrante social
e singular” (ibid., p. 331)? Investigar isso demanda não só a bus-
ca de indícios e rastros das interações entre os extimistas, mas
também entrevistá-los, visando descobrir como essas narrativas
disponíveis em rede alimentam suas ‘figuras’, constituindo-se
inclusive em antessala de escolhas, na busca da cura. Essa ques-
tão remete ao conhecimento de si, do outro, como interlocutor,
como um lugar de aphilia, de pertencimento a uma comunidade
emocional constituída a partir do pathos, mas que se desdobra
também em suas phobias.
Observamos também a pertinência das questões de gê-
nero. Flichy, em seu capítulo, destaca que os blogs são predomi-
nantemente de mulheres. Mas também há um registro específi-
co, relacionado ao câncer de mama e de próstata. Essas questões
remetem a uma reflexão desenvolvida por Machado e Ribeiro:
Essas falas sinalizam a construção social da mas-
culinidade nessa comunidade, pois um dos aspec-
tos do discurso sobre a formação do masculino
é que ele se constitui em oposição ao feminino,
mesmo ao ponderarem que homens e mulheres
podem ter características tanto masculinas como
femininas (2012, p. 7).
No caso construído, essa questão se manifesta em in-
vestimentos diversos, a serem explorados: as mulheres têm con-
dutas em que é mais visível o fluxo das emoções do oikos para
a ágora; os homens são mais contidos e calados (intimistas?),
marcados por posicionamentos expressivos que tangenciam os