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Redes digitais: um mundo para os amadores. Novas relações entre mediadores, mediações e midiatizações

concluem, analisando as narrativas em “Menopausa – o site da

mulher madura”, estarem essas em interação com o saber médi-

co-especialista, mesmo que informadas pelo contexto sociocul-

tural de seus autores. Esse estudo define com mais clareza uma

posição de amador vinculado ao fluxo adiante da informação e

produção social de conhecimento. As autoras chamam a este de

o “paciente expert”.

Na análise das narrativas, essas autoras seguem o mo-

delo de Bury. São categorizadas em contingentes, progressivas,

morais, épicas/ heroicas e regressivas/trágicas, segundo a clas-

sificação de Bury. Falamos categorizadas porque reduzem as fi-

guras possíveis a categorias, sem pensar suas relações, e sem si-

tuá-las nos processos midiáticos e de circulação. Não as proble-

matizam, portanto, na perspectiva da midiatização. Entretanto,

é um encaminhamento interessante cotejar as figuras utilizadas

pelas autoras com aquelas que utilizamos nesta pesquisa.

Esse é um lado da moeda. O outro, a ser explorado, é o

do especialista. Há indícios, evidenciados na pesquisa, da ausên-

cia de diálogo emocional e energético entre médico e paciente,

o que geraria um antagonismo simbólico. A literatura tem tra-

balhado isso. Corrêa e Ribeiro (2012) sugerem a perspectiva de

Bakhtin, estabelecendo uma homologia entre médico e pacien-

te, professor e aluno, e, por analogia, afirmamos que isso pode

ser generalizado: as relações entre o especialista e o amador.

No caso, o amador manifesta, de várias formas, requisições não

contempladas nas interações com os especialistas. Isso deve ser

investigado na continuidade da pesquisa.

Em um processo de educação em saúde, o profis-

sional pode estabelecer uma relação de autorida-

de com o paciente ao assumir o seu conhecimento

como verdade absoluta, sem considerar o interlo-

cutor, sua história de vida. É possível que não leve

em conta a natureza social daquela atividade, que

utilize um gênero discursivo estritamente biomé-

dico no processo educativo em saúde, o qual, mui-

tas vezes, é algo totalmente alheio ao paciente. Ao

contrário, avaliamos que é preciso conhecer esse

indivíduo, seus enunciados, os discursos que traz

no seio do próprio discurso, os conflitos ou as pos-