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Redes digitais: um mundo para os amadores. Novas relações entre mediadores, mediações e midiatizações

virtudes do indivíduo autônomo, que se libera perante os condi-

cionamentos do ambiente social, enriquecendo sua identidade.

Outra, pessimista, em que o destaque é a crise do indivíduo, que

estaria perdendo suas referências, no domínio familiar, profis-

sional, ideológico, político e religioso. Na busca de uma aborda-

gem que supere essa dicotomia, desenvolveu uma reflexão sobre

a identidade do indivíduo que é construída por outro e aquela

construída pelo self. Opta por essa para situar as redes digitais

como meio de expressão do self, em especial quando o indiví-

duo redescobre algo que era subjetivo, tomando, muitas vezes,

distância em relação a papéis socialmente impostos, recuperan-

do, muitas vezes, sua história de vida. O terceiro eixo – os ama-

dores – está apresentado neste livro em capítulo escrito após o

seminário por Patrice Flichy, onde articula uma sistematização e,

também, atualização de sua obra sobre o mesmo tema (

Le sacre

de l’amateur

).

O seminário com Patrice Flichy também está incor-

porado às pesquisas de mestrandos e doutorandos do PPGCC-

-Unisinos, articulado muitas vezes com a reflexão sobre os fãs,

incluindo outras referências teóricas que concorrem em torno

desses objetos. Este livro apresenta parte destas pesquisas – en-

tre muitos textos submetidos e avaliados –, além de capítulos de

pesquisadores na área da comunicação.

Nessas reflexões, na perspectiva da midiatização, há

muitos elementos para conceber a construção das identidades

de si como parte de um processo cultural que responde às ten-

sões que emergem, de um lado, das disrupções de sentido em

rede e, de outro, das regulações hegemônicas. Os vários capítulos

indicariam novos formatos sociais de colaboração, cooperação,

just-in-time ou diferida e difusa, que apontam para uma nova

ambiência, um novo que se faz acompanhar das crises simbóli-

cas de outros meios e objetos midiáticos, inclusive redefinindo-

-os em termos de relações.

Essas não são as únicas referências. Destacamos tam-

bém as questões relativas às sociabilidades, às materialidades,

às comunidades em rede e aos laços sociais fortes e fracos que

se constituem na emergência desses fenômenos ora inseridos

e incorporados às indústrias midiáticas, ora resistentes e cujas

representações das políticas identitárias atravessam os eixos do