

120
Existiram algumas dificuldades com relação à identificação dos atores presentes neste
estudo; no entanto, a metodologia utilizada se mostrou adequada para que fosse possível
cumprir os objetivos propostos.
Algumas empresas gerenciadoras de resíduos possuem canais reversos estruturados
para o retorno das baterias, do aparelho celular e de seus acessórios, por meio das assistências
técnicas autorizadas (ATA) e das lojas físicas das operadoras de telefonia. A coleta dos
aparelhos celulares e de seus componentes pós-consumo é realizada por meio de urnas
receptoras e posteriormente os materiais são encaminhados para desmontagem e reciclagem.
Contudo, a divulgação desse sistema de recolhimento para os consumidores ainda é
deficiente. As associações e cooperativas de catadores e os sucateiros e/ou ferros-velhos não
possuem controle de recebimento e destinação desses resíduos.
Grande parte das PCI dos aparelhos celulares é exportada para extração e refino dos
metais. As principais justificativas são os altos investimentos das plantas industriais de
recuperação de metais e as quantidades de REEE que são necessárias para viabilizar o
processo de logística e reciclagem desse material. Portanto, no Brasil são realizados em escala
industrial apenas os processos mecânicos para segregação das PCI/REEE e posterior
exportação. Contudo, faz-se a ressalva de que foi identificada nesta pesquisa uma empresa na
região de Belo Horizonte que realiza a extração de metais preciosos a partir das PCI/REEE,
mas ainda em escala piloto. Menciona-se também a existência de uma empresa em Suzano/SP
que recicla a bateria dos aparelhos celulares.
Percebe-se que a evolução dos aparelhos celulares está diretamente associada aos
teores de metais existentes nas suas PCI. É notório que a redução destes teores influencia toda
a cadeia pós-consumo dos aparelhos celulares na implementação da logística reversa. Esses
resultados corroboram que a gestão dos REEE, de uma maneira geral, deve ser pensada junto
às questões socioambientais e econômicas. Evidencia-se também a necessidade de se criar
peças que, entre outras funcionalidades, possuam durabilidade, apresentem custos reduzidos
de fabricação e que sejam passíveis de reaproveitamento após o seu descarte, incluindo a
facilidade de desmanche destes equipamentos visando aos seus caminhos reversos.
Essa realidade apresenta enormes desafios para os gestores públicos em âmbitos
federal, estadual e municipal, e para o setor empresarial. Portanto, reforça-se a necessidade da
criação de acordo setorial para a implementação do sistema de logística reversa para os
produtos eletroeletrônicos e para o estabelecimento de metas de recuperação de materiais por
meio da reciclagem, uma vez que a disposição final desses resíduos está diretamente
relacionada a preservação do meio ambiente e ao bem estar da saúde humana.
Acredita-se que com a regulamentação do acordo setorial será obtido um aumento
substancial do valor de fabricação desses produtos, tendo em vista o custeio da logística
reversa, e que no fim deste processo será o consumidor quem irá pagar a conta. Faz-se
necessário, portanto, propor não somente metas para recolhimento dos produtos que são
lançados no mercado, mas sim a maneira como são concebidos e projetados esses produtos de
forma a aumentar a sua vida útil ou minimizar os seus efeitos nocivos como resíduos.
Embora exista um mercado incipiente que recupera parte dos resíduos dos aparelhos
celulares, em Belo Horizonte ainda não existia, até meados de 2016, um sistema formal de
gestão de REEE.
O fato de o mercado “determinar” quais REEE serão recuperados ou
reciclados acarreta vários problemas para o sistema de logística reversa. Materiais perigosos e
que apresentam maior potencial contaminante, como as baterias, “desaparecem” ao longo da
cadeia de reciclagem dos aparelhos celulares. Esses fatores levam a pensar que estes materiais
estão sendo descartados de maneira inapropriada.
108