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XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE

DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS

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EIXO 4 – PAULO FREIRE E A EDUCAÇÃO DO CAMPO:

RESISTÊNCIA E CONSTRUÇÃO DE ALTERNATIVAS

lonizados sua “mono-cultura” ou, melhor, silencia diversos

aspectos culturais no decorrer da história oficial, mas que

resistiram muito tempo, ainda que de forma subterrânea.

Cultura como parte da construção da identidade, tam-

bém é campo de batalha. Identidade como objeto de resis-

tência dos povos colonizados frente a opressão com viés

“civilizatório”. Sem o reconhecimento da construção coletiva

da identidade, não há relação com o próprio povo. A iden-

tificação ideológica se faz, então, com a imagem de poder

e completude que o colonizador impõe, ainda que não vio-

lenta fisicamente (mas também foi). Os colonizados passam

a acreditar que este é o único caminho que, o Deus cristão

matou o Deus Tupã.

Não está em pauta negar a resistência. Houve. Desde

o início. Permanente conflito. Porém, também é preciso lem-

brar a ação organizada e sucessiva das elites nacionais e à

serviços das elites internacionais, nos reiterados desmontes

aos incontáveis processos de resistências e auto-organiza-

ção seja nacionalmente, ou, na perspectiva de Simon Bolívar,

de união da América

.

Na mesma proporção em que o conhecimento dos po-

vos tradicionais é desconsiderado, desprestigiado, sistema-

ticamente marginalizado, cuidadosamente selecionado para

ser esquecido, há uma direcionalidade ativa de, ao mesmo

tempo, enunciar o que é considerado como conhecimento

válido e negar-lhe o acesso a maior parte da população. His-

toricamente o saber dos camponeses tem sido suprimidos

dos currículos.

A constituição de um currículo não acontece no vá-

cuo, é processo social, no qual convivem lado a lado com

fatores lógicos, epistemológicos, intelectuais, determinan-

tes sociais menos “nobres” e menos “formais”, tais como

interesses, rituais, conflitos simbólicos e culturais, necessi-

dades de legitimação e controle, propósitos de dominação

dirigidos por fatores ligados à classe, à raça e ao gênero. A

fabricação do currículo não é apenas o resultado de pro-

pósitos “puros” de conhecimento, se é que se pode utilizar